A auxiliar de cozinha Ana Paula Silva, 28 anos, foi morta com nove facadas pelo marido, o soldador Cláudio Teodoro, 29, que tentou se matar em seguida, cortando o próprio pescoço. O caso aconteceu no quarto do casal, no bairro Ulisses Guimarães, em Vila Velha, e na casa estavam os três filhos da vítima e do acusado, de 4, 7 e 10 anos. Segundo parentes, o soldador não aceitava a separação.
A filha do meio presenciou o ataque à mãe, por volta das 8h de ontem. "Vó, corre lá em casa que o papai meteu a faca na mamãe", afirmou ela à avó materna, Ana Cláudia Silva Ribeiro dos Santos, 45 anos. "Ela chegou à minha casa completamente chocada. Corri para cá, mas já era tarde. Minha filha estava morta; e Cláudio, ferido. Chamei a ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que o socorreu", disse a mãe da vítima.
Golpes
Ana Paula foi ferida no peito, no rosto, nas costas e no braço direito. Cláudio, que cortou o próprio pescoço na tentativa de se matar, foi levado para o Hospital Antônio Bezerra de Farias, também em Vila Velha, onde permanecia internado até a noite de ontem, sob escolta policial. A informação era que ele não corre risco de morte.
A filha do casal que assistiu ao crime foi levada para a casa de outros parentes. Os irmãos dela ficaram na casa da avó, próxima à da vítima. Um deles - um menino de 10 anos - chegou a passar mal após a retirada do corpo da mãe.
O casal estava junto havia 14 anos, e segundo familiares as discussões eram frequentes. "As brigas eram constantes desde que eles começaram a morar juntos. A minha filha resolveu se separar, mas Cláudio não aceitava isso", destacou Ana Cláudia.
Vítima sofreu ameaça, mas desistiu de queixa
Parentes de Ana Paula Silva informaram que, a partir do momento em que a auxiliar de cozinha manifestou o desejo de separar-se do marido, o soldador Cláudio Teodoro teria passado a ameaçá-la de morte. "Ele não aceitava isso e dizia, de forma bem clara, que ela só se separaria dele se morresse. Se não fosse assim, a separação nunca iria acontecer", lembrou a mãe da vítima, Ana Cláudia Silva Ribeiro dos Santos. Segundo um parente da jovem, no Natal passado, Cláudio teria feito novas ameaças. Depois de uma briga, ele acabou detido pela PM e levado para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha. "Mas Ana Paula ficou com pena dele e se recusou a assinar a queixa. Por conta disso, ele foi liberado pelo delegado, que nada pôde fazer", disse o familiar.
Dor
"Ele tirou meu maior tesouro"
Ele tirou de mim meu maior tesouro, minha única filha. Ontem (segunda), Cláudio passou a noite fumando crack. Quando não bebia ou não usava drogas, ele era ótima pessoa. Mas isso era cada vez mais raro. Cláudio dizia que Ana Paula só se separaria dele se morresse.
E cumpriu as ameaças. Agora, vou criar meus netos e me conformar, apesar da dor."
A mãe de Ana Paula, a doméstica Ana Cláudia dos Santos, ficou sabendo da morte da filha pela neta de 10 anos de idade. Ela preparava o café da família quando soube da tragédia. Ao chegar ao local do crime, viu o genro ensanguentado e caído no chão. A mãe da vítima diz que está inconformada com a morte da filha e quer que o suspeito do crime seja preso e pague pelo que fez. "Enquanto eu viver ele vai ficar preso. Ele falou que tava tudo bem, tinha concordado com a separação. Ontem vendeu a televisão e fumou tudo de pedra. Ele só era homem quando estava doidão". A filha, segundo a mãe, era uma pessoa boa e não era violenta. Ela chora ao lembrar do corpo da filha e diz que o ex-marido sempre que bebia ficava violento. "Toda vez que bebia queria matar. Da última vez que bebia chegou a colocar a faca no pescoço dela". O pai do suspeito, o caminhoneiro Maurício Theodoro, não acredita muito na versão de que o filho tenha tentado se matar. "O cara que vai se matar não corre para fora de casa do terceiro andar. Tem troço errado aí. Foi luta com todo mundo com faca. Para quê eu vou correr se eu quero morrer". |
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