quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ES: Pastor do movimento 'Evangélicos pela Justiça' diz que há lideres de igreja tentando satanizar um candidato e divinizar o outro

Um pastor membro do movimento 'Evangélicos pela Justiça' frisou que existe uma tentativa de satanizar um candidato e divinizar o outro

foto: Reprodução

Pastores antecipam apoio a Serra e causam mau estar entre evangélicos.

"Acho que pegar uma só posição, no caso o aborto, para definir um
candidato, é um equívoco. Isso é querer satanizar um projeto ou
candidato e divinizar o outro", ensina pastor
Sillas Vieira, membro do movimento 'Evangélicos pela Justiça'
.

"A nossa grande preocupação com a candidata do PT é que os pensamentos
dela a respeito de valores éticos e espirituais para nós são muito
preocupantes", frisou o presidente do Fórum Político Evangélico do Espírito Santo, o Pastor Lauro Cruz
As declarações de lideranças evangélicas anunciando apoio à candidatura do presidenciável José Serra no Espírito Santo já começa a provocar dissidências entre pastores no Espírito Santo. No primeiro turno as instituições declararam apoio a candidata do Partido Verde (PV), Marina Silva.

O presidente da Associação dos Pastores da Grande Vitória, Enock de Castro, disse que antes de tomar alguma decisão para o segundo turno, ligou para alguns líderes das Igrejas Evangélicas como a Assembleia de
Deus e a Batista para avaliarem juntos como seria o comportamento nesta nova etapa. Segundo ele, todos afirmaram que há uma tendência muito grande de
apoiar o candidato José Serra (PSDB) devido as opiniões do PT.

Mas nem todos os líderes evangélicos no Espírito Santo compartilham dessa posição. É o caso do presidente da
Associação de Pastores de Vitória, Abílio Rodrigues. Ele se mostrou preocupado com as declarações dadas pelos colegas evangélicos.

"Como instituição eu creio que nós nãos podemos apoiar a nenhum candidato, caso contrário vamos acabar gerando uma divisão no meio do nosso povo. No meio dos pastores, no meio dos fiéis, porque não nos é
dado esse direito de impor uma candidatura para a Igreja, porque o propósito da Igreja não é esse, o envolvimento político, partidário, a Igreja pode propor politicas publicas, apontar o pecado dos governantes, porque na Bíblia os profetas apontavam os pecados do rei, do primeiro ministro, de quem estivesse governando".

De acordo com o presidente do Fórum Político Evangélico do Espírito Santo, o Pastor Lauro Cruz, a posição contrária à Dilma Roussef está sendo proposta a partir de conversas compartilhadas por ele e alguns líderes evangélicos. "A nossa grande preocupação com a candidata do PT é que os pensamentos dela a respeito de valores éticos e espirituais para nós são muito preocupantes porque ela sempre foi uma defensora do aborto. Sabemos também que isso faz parte do programa do partido, do PT, que defende igualmente a união homossexual, ou seja a legalização da união homossexual", frisou o pastor.

Igreja e política

O pastor da Igreja Batista de Santo Antônio, presidente de honra da Associação dos pastores evangélicos da Grande Vitória, Sillas Vieira, um dos membros do movimento 'Evangélicos pela Justiça' (EPJ), frisou que existe uma tentativa de satanizar um candidato e divinizar o outro.

"Eu entendo que está havendo uma partidarização com fins eleitorais ou aproveitamento de acordo com o interesse eleitoral. Acho que pegar uma só posição, no caso o aborto, para definir um candidato, é um equívoco. Isso é querer satanizar um projeto ou candidato e divinizar o outro. É um equívoco, radicalismo de um lado ou do outro. Tanto o Serra como a Dilma são pecadores. Cada um tem seus pontos fortes e fracos".

Pastor Silas diz que desde o primeiro turno houve essa movimentação. Com isso, segundo ele, grande parte migrou para votar em Marina porque ela merecia, mas muitos eleitores votaram na candidata do Partido Verde por se posicionarem contra Dilma.

Integrante do movimento 'Evangélicos pela Justiça', pastor Silas lembra que a decisão de voto é de cada um. No entanto ele irá orientar, esclarecer e responder perguntas dos fiéis. Ele ressalta que há ainda muitas preocupações sobre essa satanização da Dilma e frisou que o mesmo aconteceu com o presidente Lula nas campanhas de 89, 94 e 98, até Lula. Essa mesma campanha que está sendo feita contra Dilma, disse pastor Silas, foi feita contra Lula no meio evangélico.

Pastor Abílio, da Associação de Pastores da Capital capixaba, contou que se assustou ao saber por meio da imprensa que pastores do Espírito Santo estavam declarando apoio a Serra. "Eu creio que nós evangélicos devemos orar primeiro, devemos buscar um direcionamento de Deus antes de nos manifestarmos. Na minha opinião pessoal, não tô dizendo que é a opinião da associação, ou de qualquer instituição que eu faça parte. Acho que houve uma pequena precipitação da parte dos irmãos".

Culto e candidato

O presidente do Fórum Político Evangélico do Espírito Santo, o Pastor Lauro Cruz, no entanto, não vê problema algum e nem conflito em apoiar candidatos ou mesmo indicar os números dos candidatos em quem votar. Ele salientou que os cultos também são usados para orientar os fiéis porque os pastores estudam e avaliam as propostas e projetos dos candidatos que concorrem ao pleito. Lauro inclusive criticou a eleição do candidato Tiririca, em São Paulo.

A polêmica, ao que parece, está longe de um consenso entre os evangélicos. Pastor Abílio criticou as declarações dadas pelos colegas à imprensa, e disse que a Igreja não deve se envolver com a política, e quem pode opinar sobre a preferência partidária deve ser o cidadão e não a instituição. "O meu entedimento e a minha posição, minha postura, quanto presidente da associação de pastores é que nós não podemos partidarizar a associação, porque tem pastores que são de um, tem pastores que são de outro, tem pastores que não querem envolvimento politico nenhum, então eu sou contra o envolvimento da instituição Associação de Pastores, sou contra o envolvimento da instituição Igreja na campanha política. Acho que a Igreja, o Estado é laico e a Igreja deve se abster desse envolvimento direto".

Apoios não são oficiais

Por enquanto, os apoios em nomes de associações ou instituições evangélicas no Espírito Santo ainda não são consideradas oficiais. Os líderes evangélicos vão se reunir para debater a questão no dia 14 de outubro, quinta-feira, no templo da Igreja Batista da Restauração, em Jardim da Penha, em Vitória. A reunião do Fórum Político Evangélico vai avaliar as propostas dos candidatos e a postura que será tomada pela Igreja Evangélica, no Espírito Santo, no segundo turno das eleições presidenciais.

Pastor Abílio conclui que acredita que a Igreja não deveria ter se manifestado antes deste fórum e que somente após as decisões que saírem desse encontro, os pastores deveriam se pronunciar. "Eu entendo que o Fórum Político Evangélico, sim, é o fórum que deve se manifestar sobre a politica, e porque eu faço parte do fórum fui convocado para uma reunião na quinta feira que vem para nós discutirmos a campanha presidencial. Então uma posição oficial de toda a direção do Fórum sairá na quinta-feira que vem".

Igreja Católica

A assessoria de comunicação da Igreja Católica, no Espírito Santo, informou que a postura da igreja, neste segundo turno, é de observar a campanha eleitoral. Em princípio, o Bispo Metropolitano de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, não se pronunciará nem contra e nem a favor de nenhum candidato. Esta é a postura tradicional da Igreja diante de campanhas políticas. Se durante o processo da campanha surgir algo que provoque uma posição, a Igreja Católica fará alguma declaração.


Fonte: gazeta online

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