Primo do goleiro, o adolescente J., 17 anos, saberá até sexta-feira se será obrigado a cumprir medida socioeducativa
POR MARIA MAZZEI
Rio - O futuro do adolescente J., de 17 anos — primo do goleiro Bruno Souza e um dos suspeitos de ter participado do sequestro e assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do atleta — será decidido ainda esta semana. Na audiência, que pode acontecer de hoje até sexta-feira, o juiz Elias Charbil Abdou Obeid, do Juizado da Infância e Juventude de Contagem (MG), aplicará ou não medida socioeducativa. Se punido, o prazo máximo de internação é de três anos.
Bruno está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG) | Foto: Alex de Jesus / O Tempo
Apesar dos muitos depoimentos prestados pelo adolescente (seis, no total), o promotor Leonardo Barreto, da Vara da Infância, acredita que houve poucas contradições: “Ele foi coerente, não teve contradição. E é o único de todos os envolvidos que relatou como aconteceu a trama, desde o sequestro até o momento em que Eliza foi morta”.
Na semana passada, J. foi colocado frente a frente com outros acusados, entre eles Bruno, o fiel escudeiro do jogador, Luiz Henrique Romão, o Macarrão; Sérgio Rosa Sales, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola ou Neném, acusado de executar a jovem.
Somente neste último depoimento J. resolveu se calar. Nos outros, ele contou que foi juntamente com Macarrão, no dia 4 de junho, a um hotel na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para buscar Eliza e levá-la para Minas. Ele admitiu ainda ter desferido as coronhadas em Eliza, que deixaram marcas de sangue na Range Rover do goleiro. E é dele também a outra amostra de sangue colhida no carro.
Sobre o assassino, J. chegou a dar detalhes preciosos para a acusação: “Ele descreveu com exatidão a casa do Neném e uma fenda que ele tem no dente. E mostrou-se aparentemente triste, pois insiste que ela levaria só um susto, mas a situação fugiu do controle”, afirmou Barreto.
Reunião no Fla para cobrar pagamento
O advogado Ércio Quaresma, que defende o goleiro Bruno, reuniu-se ontem com o diretor financeiro do Flamengo, Michel Levy. O objetivo foi discutir o pagamento de salários atrasados do jogador. “Os direitos do Bruno vão ser analisados e vou aguardar a contraproposta”, disse.
Segundo ele, há suspeitas de que Fernanda Gomes Castro, amante do goleiro que teve a prisão pedida pela polícia, esteja grávida. Orientada por Quaresma, a loura fez exame de sangue. “Ela está comendo muito doce de leite e leite condensado”, disse.
Eliza está desaparecida desde o dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a teria agredido para que ela tomasse remédios abortivos para interromper a gravidez. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para provar a suposta paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá. No dia seguinte, O DIA noticiou, com exclusividade, o caso. Com equipes de reportagem no local, O DIA ONLINE acompanhou a investigação da história, minuto a minuto, a partir do dia 26 de junho.
A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que ela havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa, mas logo conseguiu a liberdade. O goleiro e a mulher negam as acusações de que estariam envolvidos no desaparecimento de Eliza e alegam que ela abandonou a criança.
Na quarta-feira 7 de julho, a Justiça decretou prisão preventiva do goleiro Bruno, o amigo Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos - conhecido como "Neném", "Bola" ou "Paulista", sua mulher Dayanne e mais quatro envolvidos no crime. A polícia apreendeu ainda um menor, de 17 anos, primo de Bruno, que teria participado da trama. No dia seguinte, 8 de julho, a mãe de Eliza Samudio ganhou a guarda provisório do bebê, agora com 5 meses. No dia seguinte, Bruno, Macarrão e Neném foram convocados a prestar depoimento mas se negaram. Segundo seus advogados, os acusados só falarão em juízo.
O DIA

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