Jennifer Love-Hewitt, Megan Fox e Zac Efron: corpos mais gostosos entre as celebridades
A banalização do corpo na era contemporânea nos imprime uma grande responsabilidade, pois somos facilmente influenciados por terceiros. As modas vêm e vão, e somos marionetes tanto nas mãos de grandes empresas da mídia mundial, como de empresas do vestuário que se aproveitam das propagandas vinculadas pelos meios de comunicação e lançam estilos de vestir estereotipados e sem criatividade. Apenas uma mera cópia do que se vê em programas e propagandas.
Programas de televisão como “O Caldeirão do Huck” reforçam a idéia de que os “personagens” do programa com seus corpos malhados e sempre sorrindo, são felizes. Para as meninas, a imagem das assistentes de palco do apresentador dançando com o corpo a mostra reflete em seu imaginário uma vontade de ser como elas (as assistentes de palco), distorcendo, muitas vezes, o comportamento destas jovens.
A mostra desses corpos esguios e musculosos acabam por interferir no modo das adolescentes perceberem seu próprio corpo, assim distorcendo as idéias de amor próprio e incentivando o narcisismo exagerado. Há uma identificação das jovens com um personagem, que sorrindo passa a impressão de juventude, felicidade e realização profissional. Portanto as meninas desejam ser como seus ídolos.
A mídia escrita mostra-se mais sensacionalista quando se percebe a grande valorização do estilo atlético que algumas revistas impõem a seu público, geralmente voltadas para a leitura feminina.
A revista Capricho faz comparações entre meninas com a mesma aparência física, diferenciando-as nos cuidados que cada uma tem com seu corpo. Diferenciando meninas que mantém hábitos de vida saudáveis e meninas que não se preocupam com sua alimentação ou em ter os hábitos saudáveis, fazendo, assim a leitora crer que uma menina é melhor que a outra.
chamado a ocupar o seu lugar (...) (Sant’Anna, 2001, p. 108).
Na capa de 16 de maio de 2004, a revista Capricho faz alusão à atriz Daniele Suzuki com o título que diz: “Dani-se, revista Capricho lança campanha para todo mundo ser como a Daniele Suzuki: Alegre, Fofa e Cheia de Atitude”. A revista incentiva as leitoras a ser outra pessoa, o que sepode supor ser um festival de incentivo a falta de personalidade.
O que mais podemos perceber nas edições da revista Capricho são imagens de adolescentes e mulheres magras, esguias, brancas; em nem sequer uma das revistas lidas e relidas pode-se encontrar a imagem ou alusão a adolescentes, mulheres gordas. Talvez possa ferir os ideais e intenções de vendas da revista, pois se o interesse é vender a imagem da beleza magra, como colocar uma foto, ou escrever alguma linha sobre jovens que não cuidam de seu corpo. Abordar a anorexia já é um fardo menos pesado a se abordar, pois muitas modelos lêem essa revista, discutir otema anorexia é também tratar do excesso da imagem magra.
(...) Agora não estamos mais usando espartilhos, mas impondo inconscientemente uma armadura cultural ao nosso corpo, achando que assim vamos viver mais felizes. Assim esperamos conseguir ser mais “atraentes” do que os outros. Com certeza a nossa aparência externa condizente com atuais normas, nos leva a uma aproximação com outros. (IWANOWICZ, 1994, p.71).
O modernismo contemporâneo trouxe consigo o capitalismo desenfreado, onde tudo está à venda, incluindo o corpo. O consumismo gerado pela mídia transforma as adolescentes em alvo principal para vendas, desenvolvendo os tais modelos de roupas estereotipados; a indústria de cosméticos lançando a cada dia uma nova fórmula, com cremes e gel redutores para eliminar as “formas indesejáveis” do corpo e a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite.
As meninas, com as facilidades que estão à venda, acabam caindo fácil na rede das“soluções” rápidas para ter um físico perfeito mais rápido e sem esforço. Isso nos faz deparar com um problema bastante comum: os medicamentos para perda de apetite, as famosas anfetaminas, que combinadas com dietas (ditas milagrosas) proporcionam perda de peso muito rápido, e de saúde também.
A procura do corpo perfeito tem ultrapassado muitos limites, pois esse corpo almejado acaba pagando preços nem sempre muito baratos. Para as jovens já não basta apenas ser saudável, a procura não é mais somente pela beleza ou querer estar na moda; a eterna juventude está superestimada e associada ao “final feliz”.
Inserido no seqüestro da subjetividade feminina sobre a imagem de si, percebemos dois extremos do culto do corpo, anorexia e obesidade, um verdadeiro cabo de guerra onde nenhum dos lados sai vitorioso.
Em um dos lados a anorexia, um distúrbio alimentar que provém da distorção da autoimagem. É muito comum em jovens do sexo feminino no início da fase adolescente e que estão imersas do mundo da modelagem corporal e tem uma preocupação extremada com a aparência física.
No início dos anos 80 fez sua primeira vítima no mundo das celebridades, a cantora Karen Carpenter que morreu por complicações da doença, estava com apenas 40 kg. Deste modo a anorexia foi caminhando a passos largos; e o corpo magro, de preocupação superficial passou a ser visto como obsessão, e assim vem provocando sérios problemas entre as adolescentes que preferem impor a seus corpos um jejum sem fim, sempre sabendo que está a brincar com sua saúde.
O que causa o início da privação de alimentos pelas jovens é difícil de saber, mas fica fácil perceber que a convivência com a imagem de si torna-se insuportável, tanto que espelhos acabam transformando-se em inimigos a serem desprezados, companhias já não são bem vindas e a depressão, por fim, torna-se a melhor companheira da menina que já não percebe o mergulho em um mundo obscuro e perigoso.
No outro extremo do culto ao corpo está a obesidade, onde o gordo tornou-se excluído do mundo dos belos; é desprezado pela sociedade e por si. Na obesidade o peso do corpo não é somente uma balança medindo quilos, não é uma fita métrica que enumera um tamanho. Na obesidade jaz um ser que é abominado, um ser negado pela beleza. E sem o direito à felicidade. Segundo SANT’ANNA (2001), “Numa sociedade que, desde pelo menos a década de 1920, começou a nutrir uma franca aversão pelos gordos, a paixão tende a se transformar num bem exclusivo daqueles considerados esbeltos”.
Ainda relatando SANT’ANNA (2001), durante o reinado de Luís XV, no século XVIII, a palavra esbelto nem existia, gordura era formosura; os mais famosos pintores retratavam fartas mulheres, e a magreza vista com desconfiança.
A obesidade hoje em dia é vista como problema de saúde pública, tamanho é o crescimento da população considerada obesa, segundo pesquisas da Universidade de Brasília (UnB), nos últimos 30 anos a população considerada obesa cresceu 255%, alcançando cerca de 610 mil pessoas. Uma luta covarde contra a balança. Esse é o sentimento de quem está dentro desta guerra; que tipo de batalha trava um obeso mórbido contra essa máquina que condena quem está a seus pés? Obesidade mórbida, um nome que se dá a uma vida, cujo fardo a carregar é mais pesado que seu próprio peso. É uma vida fadada à morte social, moral.
Se hoje, ser bela é ser magra, qual colocação tem a mulher obesa, onde se coloca uma adolescente gorda? Estas estão enclausuradas em si, com suas ansiedades povoadas de sentimentos autopunitivos – comer – e com a auto-estima derrotada. Desejos reprimidos pelo mundo dos belos e magros.
Não há lugar onde uma adolescente obesa se encaixe, pois o culto do corpo também detém o nome de culto da aparência, e dentro deste contexto é preciso estar e ser a moda, mergulhar no meiocujo ideal é ser vista, visada, estar retendo atenção, e isso tudo é o que uma menina acima de seupeso não quer.
Se colocarmos anorexia e obesidade mórbida lado a lado o que vamos observar são doenças duas doenças extremas, as quais existem somente para arrecadar, a cada dia, mais jovens ao seu rebanho. Umas acham-se gordas e cessam a alimentação de forma a eliminar por completo tal necessidade, outras, tristes por estarem gordas, não cessam. Dois grupos correndo juntos para umalinha de chegada onde não há glória.
A cautela valoriza o corpo e a saúde
Onde se perde o limite do próprio corpo, perde-se também o respeito por ele. Na verdade certos limites não foram feitos para ser ultrapassados, apenas valorizados. A cautela para seguir algum conceito distribuído pela mídia é sempre a atitude mais acertada, nosso corpo nunca vai responder a algum estímulo igual ao que respondeu o de outra pessoa.
Somos singulares na forma de pensar, agir e responder. Perder essa singularidade nos torna plural; deixamos, assim, de ser um para ser qualquer um. A mídia quer vender o que, às vezes, nãose pode comprar. A verdade das informações que se propagam pelas revistas e caem na credibilidade das adolescentes é a de que se é feliz quando se é belo. E se a beleza tem sido vistacomo sinônimo de felicidade cabe aqui deixar registrado, que talvez nesse caso, “dinheiro nãocompra felicidade”.
Se pensarmos que a tecnologia com seus inúmeros métodos para modificar o corpo, realiza os sonhos de muitas meninas, não podemos deixar de expor que muitos desses métodos acabam deixando seqüelas graves. Próteses de silicone de má qualidade, por exemplo, podem acabar provocando deformidades irreversíveis.
A prudência é o valor que ajuda a reflexão e a consideração dos efeitos produzidos por nossas ações e palavras. A falta dela, ou a impulsividade trará sempre conseqüências em todos os níveis. A prudência é aquela virtude que preza pela integridade e salvaguarda as aspirações humanas. (GUZZO, 2005, p. 149).
Se respeitássemos nossos limites, talvez não ouvíssemos cada vez mais seguidas, notas de jornais relatando mortes de meninas por anorexia ou bulimia, doenças resultantes da intensa busca por um corpo mais magro, espelhado em top models ou super heróis.
De acordo com DAMICO e MEYER (2006) “Para estarmos sintonizados com a “nova ordem social” do corpo projeto é preciso que todos nós aprendamos sobre as mudanças quanto ao que precisa ser cuidado, quanto ao modo de cuidar e no que se espera ser ao cuidar de si.”.
O que precisa ficar claro é que os tempos são outros e as informações são muitas, basta sabermos o que fazer com tudo isso. Ter consciência do que pode ser bom ou ruim, pensar que um corpo magro e com músculos definidos não pode ser o único objetivo pelo qual se vive. Colocar a saúde e a qualidade de vida em primeiro plano pode ser a melhor idéia, pois se pensarmos que sua conseqüência será um corpo mais leve, não apenas esteticamente falando; livre do peso de uma leveza obscurecida pela escravidão que a sociedade contemporânea e a mídia nos impõem.
(trecho)
Fonte: http://www.fazendogenero8.ufsc.br/sts/ST48/Cruz-Nilson-Pardo-Fonseca_48.pdf
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