quinta-feira, 14 de março de 2013

Marco Feliciano: 'Diabo está infiltrado no governo brasileiro'.


Marco Feliciano: 'Diabo está infiltrado no governo brasileiro'. Frase foi registrada em vídeo mostrado por deputados na Câmara. Parlamentares usaram tribuna para pedir renúncia do pastor. Ele conversou com presidente da Casa para pedir apoio e continuar na Comissão de Direitos Humanos. 

BRASÍLIA - Na tentativa de viabilizar sua permanência à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) se reuniu nesta quinta-feira, 14, com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pedir sua interferência para acabar com clima de confronto de parlamentares do PT, do PSOL e do PSB com os evangélicos. No périplo em busca de apoio, Feliciano também procurou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que pediu para não envolver o governo na confusão, e até o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos parlamentares contrários à eleição do pastor para comandar a Comissão.

Acusado de racismo e homofobia, Feliciano presidiu nesta quarta-feira a primeira sessão da Comissão em meio a bate-boca entre parlamentares, palavras de ordem, vaias, aplausos e muito tumulto. Apesar dos protestos veementes, que duram há duas semanas, ele insiste em ficar no cargo. "Pedi aos grupos representados ponderação, equilíbrio e responsabilidade. Vamos aguardar os próximos dias para que isso realmente possa acontecer na comissão, que é muito importante", afirmou Henrique Alves, depois de se encontrar com Feliciano e o líder do PSC, deputado André Moura (SE).

Na véspera, o presidente da Câmara recebeu um grupo de deputados contrários ao pastor, como Érika Kokay (PT-DF) e Jean Wyllys. "Espero que nos próximos dias esse clima venha a ser harmonizado em um entendimento em que todos possam perceber que o importante para esta Casa é a ordem, o respeito", disse o presidente da Câmara.

Para Henrique Alves, os dois lados _ os pró e os contra Feliciano _ estão errados. "Não se pode culpar apenas uma parcela, porque toda ação provoca uma reação e acho que esse radicalismo e esse emocionalismo não estão compatíveis com o que a Casa tem o dever de apresentar à sociedade brasileira", argumentou Henrique, ao lamentar o clima de baixaria da primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos.

Deputados contrários à permanência de Feliciano na Comissão se revezaram ontem na tribuna da Câmara para pedir sua renúncia e alardear a existência de um novo vídeo, em que o pastor aparece fazendo criticas ao Congresso e ao governo. Nas imagens que estão na internet, Feliciano afirma, durante culto de sua igreja, que se "apavora" todas as terças-feiras quando chega à Câmara e que satanás "está infiltrado no governo brasileiro". Ele também aproveita para criticar os parlamentares que, mesmo sendo evangélicos, se negaram a assinar proposta de sua autoria para a realização de um plebiscito sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Na próxima quarta-feira (20), os deputados contrários a Feliciano pretendem lançar a Frente Parlamentar pelos Direitos Humanos para tentar fazer um contraponto à eleição de Feliciano para a presidência da Comissão. Esses mesmos parlamentares estudam também entrar na corregedoria da Câmara contra o pastor, que emprega em seu gabinete funcionários que trabalham somente na sua igreja. "Ele me pediu ajuda para ficar na Comissão e disse que o seu estilo é da paz", contou Chico Alencar, ao continuar a defender a saída de Feliciano. [ESTADÃO]

"Queimar rosca todo dia"
Quem também segue dando o que falar é o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Irritado com manifestantes LGBT que gritavam palavras de ordem na primeira reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara sob o comando do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), na noite desta quarta (13), ele escreveu em uma folha de papel “queimar rosca todo dia” e mostrou para os ativistas.

Ofendidos, os manifestantes tentaram chegar perto de Bolsonaro e a partir daí houve uma confusão generalizada. A segurança da Câmara teve dificuldade para acalmar os ânimos. O deputado precisou sair escoltado para não ser agredido.
Foto: José Cruz/ABr

Deputado Jair Bolsonaro irritou manifestantes com cartaz (em destaque)
Em meio a bate-boca entre parlamentares, gritos, vaias e muito tumulto, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara aprovou seis requerimentos com pedidos de audiência pública. A primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos foi tensa. O presidente da Comissão, deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e o ex-secretário de Direitos Humanos deputado Nilmário Miranda (PT-MG) quase trocaram sopapos durante a sessão. Feliciano fingiu não ouvir Nilmário, que ficou em pé na sua frente e tentava falar com o presidente da Comissão.

Momentos depois, Nilmário sentou-se para reclamar do comportamento do pastor que, ironicamente, perguntou quem era ele. "Quem é o senhor? Como é o seu nome?", indagou Feliciano. Já sentado, o petista disse que Feliciano não tinha "legitimidade" para presidir a Comissão. Toda a bancada do PT se retirou da Comissão. Em outro momento, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Domingos Dutra (PT-MA) também quase saíram no tapa.

Mais cedo, antes do início da sessão, cerca de 50 evangélicos lotaram, desde a parte da manhã, a sala da Comissão de Direitos Humanos. Sentaram-se no lugar dos deputados, ocupando cinco fileiras. A maioria deles admitiu ser da igreja evangélica. "Sou do Gama (cidade-satélite de Brasília) e sou evangélico. Mas não sei se sou da mesma igreja do deputado", disse Jonatas Ferro, que bateu boca e também quase trocou socos com o deputado Mário Heringer (PDT-MG).

Feliciano foi aplaudido de pé, assim que entrou na sala. Representantes dos movimentos sociais e a imprensa só puderam entrar na sala da Comissão minutos antes do início da sessão. Os representantes de movimentos fizeram muito barulho e gritaram ininterruptamente palavras de ordem contra Feliciano. "Racista, fundamentalista!" , "Pastor ditador!", "Foram Feliciano!"

Na tentativa de mostrar que não é homofóbico, Feliciano pôs em votação requerimento propondo nota de repúdio ao candidato presidencial, Nicolas Maduro, que acusa seu adversário de ser homossexual. O requerimento, que não foi aprovado por falta de quórum, era de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), que é suplente na Comissão e presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Sem condições de se locomover sozinho pelos corredores da Câmara, Feliciano foi obrigado a deixar a Comissão cercado por mais de 20 seguranças.


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