domingo, 20 de janeiro de 2013

"Era uma menina boa e muito caridosa", conta babá de Odetinha


"Era uma menina boa e muito caridosa", conta babá de Odetinha; processo de beatificação tem início no Rio
Caixão com os restos mortais da menina Odette Vidal de Oliveira, conhecida como Odetinha, chega à igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, zona sul do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (18). A Arquidiocese do Rio de Janeiro inicia nesta manhã o processo de beatificação de Odetinha, que pode se tornar a primeira santa nascida na capital fluminense

A Arquidiocese do Rio de Janeiro deu início na manhã desta sexta-feira (18) ao processo de beatificação e canonização da menina Odette Vidal de Oliveira, a Odetinha, que morreu aos 9 anos de idade de meningite em 1939. Ela pode se tornar a primeira santa nascida no Rio de Janeiro.

A urna com os restos mortais de Odetinha chegou  às 10h20 em um cortejo do Corpo de Bombeiros à Igreja de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, zona sul do Rio de Janeiro, onde cerca de 500 fiéis a aguardavam. Junto aos devotos, estava a última babá de Odetinha, Maria Helena Araújo, de 88 anos.

"Quando o caixão chegou, eu fiquei muito triste e emocionada, lembrei do dia em que ela morreu. Ela era uma menina caridosa, humilde e religiosa. Eu cuidava dela e ela tocava piano para mim. Era lindo", lembra Maria Helena, que trabalhou durante cinco meses na casa da menina.

Amigos e parentes de Odetinha também compareceram à cerimônia de beatificação e canonização.

David Azoubel, afilhado da mãe da menina, Alice Vidal de Oliveira (já falecida), é uma das pessoas que está ajudando a Arquidiocese do Rio a levantar o material histórico sobre a vida de Odetinha. "Canonizada ou não, para mim ela é uma santa", disse.

"Um dia a madrinha fez uma feijoada e abriu as portas de casa para oferecer um pouco aos pobres. Uma pessoa comeu e cuspiu o feijão na cara da madrinha. A Odetinha disse para a mãe não ligar, porque ela só estava com fome", contou.

Devota de Odetinha há 40 anos, a comerciante portuguesa Maria Manoela Marques escutou falar da menina assim que chegou ao Brasil, em 1973. "Todo dia de Finados, eu vou ao túmulo dela colocar flores e rezar", diz.

O processo
O arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, dom João Orani Tempesta, disse que não há um prazo  ou um tempo mínimo para o fim da beatificação e da canonização no Brasil e no Vaticano.  Segundo ele, existem cerca de 60 processos de canonização do Brasil em andamento no Vaticano.

"Odetinha não foi escolhida por nós, apesar de ter falecido com fama de santidade. O povo é quem clama por alguém e faz pedidos para a arquidiocese abrir o processo", disse. "Santo não é alguém que teve um feito extraordinário em sua vida, e sim quem fez grandes pequenos detalhes da vida cotidiana", explicou.

Amiga de Odetinha na escola primária, a irmã Maria Cecília Tostes descreveu a menina como uma criança normal. "A gente jogava bola, brincava de pique, tudo o que meninas da nossa idade faziam", conta. "Ela ficou doente e passou um mês sem ir à escola. Um dia, eu ouvi os comentários de que ela tinha morrido e perguntei para a professora onde estava Odetinha. Ela não falou nada, só apontou para o céu. Isso me marcou muito", lembra.

Os restos mortais de Odetinha ficarão na Igreja Nossa Senhora da Glória até domingo, quando seguirão para a Basílica de Imaculada Conceição, em Botafogo, zona sul da cidade, onde ela fez sua primeira comunhão. (UOL)




Fantástico ouve relatos de supostos milagres da menina Odetinha
Igreja começou uma investigação para confirmar milagres atribuídos à menina que pode ser declarada a primeira santa carioca.


Filha de comerciantes portugueses, ela gostava de fazer o bem, de ajudar a quem quer fosse. 

Morreu criança, aos 9 anos, e geração a geração vem conquistando devotos, em busca de graças.
O mistério de Odetinha persiste há mais de 70 anos e ganhou, agora, um novo capítulo.
A Igreja começou uma investigação para confirmar milagres atribuídos à menina. Um processo que pode levar Odetinha a ser declarada santa.

Só o túmulo de Carmem Miranda é mais visitado do que o dela, no Rio. Odete Vidal de Oliveira, a Odetinha, morreu em 1939, aos 9 anos. Mas ainda em vida, sua fama de santa corria a vizinhança.
Uma santinha que pulava Carnaval? “Apareceu até fantasiada de marinheira”, contou a Irmã Conceição Milagres.
“Era muito caridosa, amava Jesus, fazia tudo para os pobres, para os doentes”, disse a advogada Dulcezita Close.
“Fazia coisas que só uma santinha mesmo poderia fazer”, disse a dona de casa Jurema da Silva.
Filha única, cresceu no Rio de Janeiro dos anos 30, cercada de mimos pelos pais comerciantes.
“Família rica, portugueses, onde trabalhavam com o maior depósito de carnes de todo o Rio de Janeiro”, disse o abade Dom Roberto Lopes.
Dias antes de cair doente com febre tifóide e meningite, a menina rica que ajudava os pobres teria previsto a própria morte.
“Ela foi até a escola, foi a última vez que ela foi à escola, e ela fez aquilo que é próprio da criança: brincou, jogou com as meninas e deixou claro para todo mundo: ‘essa é a última vez que eu venho à escola’. E perguntaram: ‘mas por quê?’ ‘Porque eu vou morrer’”, disse Dom Roberto.
A Igreja Católica diz que há indícios suficientes para pedir a beatificação de Odetinha, processo que começou oficialmente na semana passada, com a exumação dos restos mortais da menina, sob sigilo absoluto.
“Todos os componentes, eu tenho que fazer um juramento, e toda a equipe”, disse Dom Roberto.
Fantástico: Quer dizer, não teve nenhuma documentação de nada, nem filmagens, nem fotos?
Dom Roberto: Não. A única documentação é escrita.
Dom Roberto Lopes é o delegado episcopal para a causa dos santos da arquidiocese do Rio. Ele é o juiz do tribunal canônico instalado, na sexta-feira passada, para investigar a santidade de Odetinha.
Dom Roberto: Nós seguimos o direito canônico.
Fantástico: E quem será julgada é a Odetinha, é isso?
Dom Roberto: Eu diria que será analisada a vida dela.
A arquidiocese do Rio acredita que essa primeira parte da investigação da vida de Odetinha será concluída em um ano e, em seguida, encaminhada ao Vaticano. Aí começa a etapa mais difícil, a comprovação dos milagres. O primeiro atribuído a ela, seria a cura de sua própria mãe, a fundadora de uma obra social, em Nova Iguaçu.
Adriano Bresciani era afilhado da mãe de Odetinha. Hoje ele é voluntário da obra social deixada pela madrinha, Alice Vidal.
Adriano conta que, depois da morte de Odetinha, Alice foi atropelada por uma bicicleta e atingida na perna.
Fantástico: O ferimento foi grande?
Adriano Bresciano: Foi mais ou menos de uns 10 centímetros?
Fantástico: Ficou feio?
Adriano: Ficou feio.
Havia risco de amputação. Então, Adriano foi ao túmulo de Odetinha fazer um pedido.
“Eu acho que você vai conseguir a cura da perna da sua mãe pedindo isso a Jesus”, disse o aposentado.
Depois foi contar à madrinha. "Eu vou colocar a água na bacia, eu vou colocar as pétalas de rosa conforme eu combinei com a Odetinha lá no túmulo, e a senhora vai banhar a sua perna, a perna do ferimento”, conta o aposentado.
Alice fez o que o afilhado pediu. No dia seguinte, foi ver o resultado.
Adriano: Abaixou a meia, e quando ela abaixou a meia, caiu o curativo, e não tinha mais nada.
Fantástico: O ferimento estava curado?
Adriano: Tinha sumido.
Desde sexta passada, quando os restos mortais de Odetinha percorreram igrejas do Rio, novos relatos apareceram.
“Uma santa faz milagre”, disse a manicure Ivonete Freire.
O médico de Maria de Lourdes disse que ela nunca teria filhos. “Eu engravidava. Só que com três meses eu começava a perder, e perdia”, disse a comerciante Maria de Lourdes Lima Campo.
Então ela foi ao túmulo de Odetinha. “Ajoelhei nos pés da cama e pedi. Que eu queria muito um bebê. Se eu conseguisse e fosse uma menina, eu botava o nome dela”, disse a comerciante.
Nove meses depois, nascia uma menina.
Fantástico: O nome dela?
Maria: Odete.
Dona Alaíde tem 90 anos. Ela ia à missa com Odetinha.
Fantástico: Ela já tinha aquela fama de menina caridosa, de ajudar os pobres?
“Tinha. Ela não podia ver um pobre, era uma coisa que ela chamava pra dentro de casa, dava comida”, disse a aposentada Alaíde Batista.
E depois da morte da menina, testemunhou o que seria um milagre, quando a máquina de lavar da escola onde estudava quase decepou a mão de uma colega.
“A moça descuidada botou a mão e quase perde a mão. Aí ela gritou: ‘valha-me minha Odetinha’ e aí a máquina parou”, conta a aposentada.
A igreja vai examinar os milagres, um a um. “Com muita prudência, analisando esses casos para verificar se são autênticos milagres. E quando nós falamos um milagre autêntico, é algo que a medicina jamais explicaria aquela cura”, disse Dom Roberto.
Para se tornar beata, Odetinha tem de ter um milagre comprovado.
Para ser oficialmente santa, precisará mais.
“Este milagre que foi favorável para a beatificação já não vale, nós temos que encontrar um outro milagre para que realmente possa haver a canonização, que é a última etapa”, disse Dom, Roberto.
Difícil vai ser fazer o povo esperar. A devoção à menina é tão antiga quanto suas façanhas milagreiras.
Fantástico: Uma vez canonizada, ela seria chamada Santa Odetinha, é isso?
Dom Roberto: O nome dela é Odete Vidal, mas evidente que, popularmente, quem manda é o povo. O povo a chama já de Odetinha, com certeza será Odetinha.

FANTÁSTICO

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