terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Saiba como surgiu a profecia do fim do mundo

Segundo interpretações de símbolos em monumentos maias, o mundo acabaria na próxima sexta-feira, dia 21 de dezembro. Entenda.

Segundo interpretações da 'profecia maia', o fim do mundo está previsto para a próxima sexta-feira, dia 21 de dezembro.

A ideia de que uma hecatombe mundial de grandes proporções se abateria sobre a raça humana na entrada do equinócio de inverno, que ocorre na mesma data, vem sendo alimentada pelo menos há quatro décadas.
Mas foi nos últimos três anos que a previsão ganhou força, polarizando aqueles que acreditam piamente no fim dos tempos e os mais céticos.

De onde vêm as profecias?
As interpretações de que o fim do mundo ocorreria no dia 21 de dezembro de 2012 partiram de dois monumentos maias: a Estela 6 (uma espécie de totem), do antigo assentamento de Tortuguero (no Estado de Tabasco, no sul do México) e a Estela 1 de Cobá, em Quintana Roo.

Além disso, a próxima sexta-feira é o último dia do calendário criado pelos maias. Ou seja, não há registro do que viria depois disso.

Na antiga civilização maia, as chamadas 'Estelas' são colunas nas quais se marcavam as datas de eventos importantes.

Os monumentos também serviam como método de propaganda da elite política e religiosa.
No caso da Estela 6 e da Estela 1, o objetivo era associar datas 'míticas' aos sucessos e governos da época para criar coesão e controle social.

Monumento 6 de Tortuguero
O monumento Estela 6 foi descoberto em 1957 e 58. Também é conhecido popularmente como 'a Estela do fim de uma era', e registra o nascimento e entronização de Apho Bahlam, governador da cidade maia no século VII.

Há também referência à data 'baktún 13 4 Ahau 3 Kankin' que, traduzida para o calendário gregoriano, seria equivalente ao dia 21 de Dezembro de 2012 e corresponde ao fim de um ciclo de 5.126 anos registrados na 'longa contagem' do calendário maia.

'Isso não significa que o mundo vai acabar nesta data, a única coisa é que esta data vai significar o fim do ciclo baktún 13 do calendário maia', disse à BBC Mundo o arqueólogo Daniel Juárez Cossío, responsável pela ala dedicada à civilização maia no Museu Nacional de Antropologia do México.

'Ou seja, simplesmente, estamos falando do final do baktún 13 para que se comece uma nova etapa. Trata-se, no fim das contas, de um caminho novo'.

O sítio arqueológico de Tortuguero foi roubado ao longo do tempo, o que dificultou seu estudo e a interpretação completa e contextualizada da Estela 6.

O Calendário Maia
Trata-se de uma combinação de datas e fatos de batalhas míticas e desastres naturais que marcaram o desenvolvimento da cultura, com base em ciclos agrícolas e movimentos de estrelas como o Sol e Vênus.
O calendário não determina apenas a ordem dos dias. Em torno dele foram organizados feriados religiosos, períodos de cultivo e colheita, a escolha de nomes para recém-nascidos, sacrifícios humanos e outros aspectos importantes da cultura maia.

Cossío diz que o fim da 'contagem de tempo' é simplesmente 'o fim de um ciclo de pouco mais de 5 mil anos'.

'Mas os maias não têm uma visão linear da história, onde há um fim irrefutável. Sua visão é cíclica, ou seja, algo termina para o início de outra coisa.'

Estela 1 Cobá
Estela 1 é localizada em Cobá, uma cidade no norte de Quintana Roo, no México, que já foi uma próspera cidade maia.

Este monumento, com inscrições em todos os quatro cantos, conta a história de seus governantes.
Nesta pedra, há quatro referências ao Calendário de Contagem. Uma delas é uma inscrição mencionando o dia de 21 de dezembro de 2012. No entanto, o monumento está bastante danificado, o que impede a observação de quaisquer fatos que teriam ocorrido depois dessa data.

Quando começou a profecia?
Interpretações das 'profecias maias' começaram a se tornar populares nos anos 1970 entre pequenos grupos europeus e americanos, que, no calor do movimento nascente da Nova Era, se aproveitaram das recentes descobertas na zona maia da península de Yucatán para criar uma filosofia de vida e, em muitos casos, um negócio lucrativo.

De um lado da moeda, vários grupos dizem que o dia 21 de dezembro vai registrar um movimento especial de planetas, mudanças na forma em que o homem se relaciona com o seu ambiente e uma transformação mental e espiritual da raça humana, que vai alcançar seu auge nesse dia.

No outro extremo, estão aqueles que dizem que, na data, desastres naturais, crises políticas e econômicas e as guerras travadas ao redor do globo causarão a derrocada da civilização moderna. Para eles, os maias teriam deixado suas marcas para nos alertar sobre tais eventos.
Grupos como o Ascensión Nueva Terra e Cambio Nueva Consciencia asseguraram que os maias previram que um raio de luz do centro da galáxia irá impactar o sol no dia 20 de dezembro de 2012, mudando sua polaridade, o que terá efeitos devastadores sobre a Terra.

Os entusiastas do fim do mundo sugerem, ainda, uma série de medidas para se preparar para 'enfrentar o caminho final para a nova luz'.

Essa série de previsões levou muitas pessoas ao redor do mundo a estocar alimentos, construir refúgios e dirigir-se a terras que pertenceram à civilização mesoamericana.

O que dizem os especialistas?
Segundo arqueólogos e cientistas que trabalham no estudo de civilizações antigas, os maias não faziam profecias e muito menos queriam deixar previsões para gerações futuras.

Os maias apenas determinavam o destino de uma pessoa ou de uma cidade com base no seu calendário e em suas crenças religiosas.

Nesse sentido, Cossío acredita que o dia 21 de dezembro de 2012 'não é uma profecia'. 'É completamente e totalmente falsa essa tese de que o mundo vai acabar com base em algo que estaria disponível. Não há nenhuma base científica e epigráfica que diz que o mundo vai acabar nesta data.'

O que aconteceu com os maias?
Outra parte importante desta lenda é que, quando os exploradores europeus e conquistadores chegaram no territórios dos maias, encontraram muitos assentamentos e cidades antigas abandonados.

Isso criou uma falsa visão de que o povo maia desapareceu sem deixar vestígio, aumentando o mistério e especulação sobre essa civilização.

A verdade é que os herdeiros diretos da cultura maia ainda existem, vivendo na mesma terra que os seus antepassados.

Muitas vezes, vivem em condições de marginalização e pobreza no sul de México, Guatemala, Honduras e Belize.


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O próximo dia 21 é tido por alguns como o dia do fim do mundo, por meio da interpretação de um calendário maia que, teoricamente, previa que esse seria o último dia da humanidade.
A crença do fim do mundo em uma data determinada, porém, não é uma novidade e nem uma característica ligada a povos distantes, como os maias. A expectativa pelo dia que seria o último da história da humanidade é antiga e faz parte da tradição cultural ocidental.
“A fé cristã acredita no fim do mundo”, resume Lina Boff, professora de teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). “No fim dos tempos, Jesus vem”.
Milenarismo
A especialista explica que uma corrente chamada “milenarista” acreditava que o reinado de Cristo sobre a Terra duraria mil anos. A chegada do ano 1000 da Era Cristã foi, portanto, aguardado com bastante ansiedade na Europa medieval.
O escritor austríaco-americano Richard Erdoes, autor do livro “A.D. 1000: Living on the Brink of Apocalypse” (“1000 d.C.: vivendo à beira do Apocalipse”, em tradução livre), conta que a expectativa pelo retorno de Cristo dominou “não só o ano 999, mas todo o século que o precedeu”. Segundo o livro, lançado em 1988, as pessoas da época imaginavam que o Armagedom viria na noite de Natal ou à meia-noite, na virada de 999 para o ano 1000.
O Papa Silvestre II celebrou uma missa diferente na virada do ano, com rituais religiosos especiais. Como o mundo não acabou, surgiram lendas em torno do pontífice, de que ele teria recorrido à ajuda de magos árabes – ou até feito um pacto com o diabo.
‘Bug do milênio’
Mil anos depois, a virada de 1999 para 2000 também seria recheada de crenças sobre o fim do mundo. Além de previsões apocalípticas ligadas a grupos religiosos – o pastor americano Edward Dobson chegou a escrever um livro explicando por que Jesus poderia voltar naquele ano –, uma questão tecnológica causou grande preocupação na sociedade.
Muitos programas de computador desenvolvidos durante o século 20, especialmente os mais antigos, abreviavam o ano colocando apenas os dois últimos algarismos – em uma data, o ano de “1988” seria escrito apenas como “88”, por exemplo. Assim, quando houvesse a passagem de ano de 1999 para 2000, esses programas leriam o novo ano como se fosse 1900. Esse grande erro no sistema ganhou o apelido de “Bug do milênio”.
O temor era de que o erro causasse uma grande pane nos computadores mundo afora e que isso comprometesse desde o funcionamento de bancos até usinas nucleares e instalações militares – onde residiria o risco de grandes catástrofes. As Nações Unidas chegaram a criar um grupo específico para prevenir contra a ameaça do “Bug do milênio”. A chegada do ano 2000 trouxe poucos e localizados erros de informática, sem consequências globais significativas.
A grande decepção
Na primeira metade do século 19, o pastor William Miller liderou nos Estados Unidos um movimento conhecido como adventismo, uma corrente cristã que acredita no retorno iminente de Jesus Cristo à Terra.
De acordo com interpretações que fez da Bíblia, Miller afirmou que Cristo voltaria no ano de 1844. Mais precisamente, o líder religioso marcou a data do fim do mundo para 22 de outubro daquele ano.
Pastor Harold Camping
Outro pregador americano voltaria a prever o fim do mundo mais de um século depois. O radialista evangélico Harold Camping anunciou que Jesus Cristo retornaria à Terra às 18h do dia 21 de maio de 2011, e que os crentes seriam levados aos céus. A destruição do planeta começaria ali e todos os que não acreditassem morreriam.
Um seguidor disse que chegou a gastar US$ 140 mil em publicidade para a previsão de Camping. Outro cruzou os EUA, percorrendo 4,8 mil quilômetros do estado de Maryland até a Califórnia, onde fica a sede da rádio de Camping, para presenciar o momento junto do pastor.
Depois que nada aconteceu, Camping afirmou que a data inicial estava errada, e que Jesus voltaria em 21 de outubro daquele mesmo ano, o que também não aconteceu. Em 1994, o pastor já havia previsto o apocalipse.
Vaticano nega
Para o próximo dia 21, as principais correntes cristãs não acreditam no apocalipse. José Funes, diretor da Specola Vaticana, observatório astronômico ligado à Igreja Católica, esclareceu que “não vale a pena discutir a base científica dessas afirmações, obviamente falsas”, referindo-se às previsões de que o mundo vai acabar em 2012.
A teóloga Lina Boff, da PUC-Rio, explica que a Igreja Católica já não tem mais essa crença no apocalipse. “Nós não podemos afirmar que Jesus tenha predito o fim do mundo”, afirma a professora.
“Para mim, o fim do mundo acontece na hora em que eu morro”, prossegue a especialista. No momento da morte, a pessoa “se funde com este mundo para entrar no outro mundo”, de acordo com a estudiosa do catolicismo.
Outras culturas
A crença no fim do mundo não faz parte apenas da tradição ocidental. Antes do contato com os espanhóis, os astecas realizavam sacrifícios humanos na crença de que aquilo garantiria que o sol não deixaria de nascer todos os dias.
Os mesmos astecas acreditavam também em quatro catástrofes sucessivas, que seriam causadas pela água e pelo fogo. Mitos sobre o fogo universal existiam também em culturas da Grécia, da Escandinávia e da Índia. Já o dilúvio aparece em narrativas anteriores inclusive à da Arca de Noé, presente no Antigo Testamento.
Cometa Halley
Em outras oportunidades, houve previsões de hecatombes que acabariam com a humanidade. Em 1910, a aproximação do cometa Halley foi cercada de temor. O prestigiado jornal americano “The New York Times” chegou a publicar uma nota, citando astrônomos do Observatório Harvard que estavam preocupados com a possível presença do gás cianogênio na cauda do cometa.
O gás é tóxico, e a passagem do cometa naquele ano – o Halley passa perto da Terra a cada 76 anos – foi mais próxima que o de costume. A soma dos fatores levou algumas pessoas a acreditarem que ele poderia intoxicar a atmosfera da Terra.
Construção do LHC
Em 2008, cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês) concluíram a construção do acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), a maior máquina já feita pela humanidade. O túnel subterrâneo de 27 km entre a França e a Suíça é usado para experiências com partículas subatômicas, feitas no vácuo.
Na época, surgiram rumores de que a inauguração da máquina levaria ao surgimento de uma série de pequenos buracos-negros que levariam à destruição da Terra. O Cern chegou a publicar uma nota explicando que, embora o LHC atingisse níveis energia jamais produzidos pelo ser humano, aquela energia era produzida em vários processos naturais e não representava nenhuma ameaça.
A morte do Sol
A ciência prevê o fim da vida na Terra de acordo com a evolução natural do Sol – baseada no que acontece com estrelas desse tipo. Daqui a quase 5 bilhões de anos, ele se transformará em um "gigante vermelho" e vai multiplicar seu tamanho. Antes disso, o calor crescente terá provocado a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da atmosfera terrestre. Depois desse aumento, o astro se resfriará até a extinção.
"Até lá, não existe nenhuma ameaça astrônomica ou geológica conhecida que poderia destruir a Terra", aponta David Morrison, cientista da Nasa. A agência espacial norte-americana divulgou uma nota esclarecendo que o suposto fim do mundo em 21 de dezembro não tem nenhum embasamento científico.




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