quarta-feira, 7 de novembro de 2012

HPV é um dos maiores causadores de câncer de boca


HPV é uma das causas do aumento de câncer bucal entre jovens de 35 a 40 anos de ambos os sexos. O motivo é fazer sexo sem proteção. Pouco ainda se fala sobre o assunto e o número de casos só cresce.
Foto: Shutterstock

Homens acima de 50 anos, tabagistas e/ou alcoólatras eram as maiores vítimas dos cânceres de boca e orofaringe - região atrás da língua, o palato e as amígdalas. Porém o cenário vem mudando gradativamente, tanto em número de casos quanto em relação ao perfil das pessoas mais afetadas.

Ocorre que, hoje, a doença também atinge jovens (entre 30 e 45 anos) de ambos os sexos que não fumam nem bebem em excesso, mas praticam sexo oral desprotegido. Isso porque o HPV -papilomavírus humano-, que é transmitido sexualmente, está diretamente ligado a cada vez mais casos de câncer de cabeça e pescoço.

Segundo uma pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da USP com 1.475 pacientes, 72% dos casos de câncer de cabeça e pescoço apresentou o vírus HPV do tipo 16 - o mais relacionado ao desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.
Nas avaliações mais antiga, feitas entre os anos 1998 e 2003, o índice encontrado foi de 55%, um aumento de 17 pontos porcentuais.

Falta informação
Um estudo do International Journal of Epidemiology mostra que, quanto maior o número de parceiras com as quais pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais risco o homem terá de desenvolver câncer causado pelo HPV. Para o oncologista, Ricardo Caponero, da Clinonco, parte desse aumento pode ser atribuída a mudanças no comportamento sexual. “Ainda não se fala sobre esse assunto e por isso a conscientização é praticamente nula”, diz.

Vacina
Existem duas vacinas contra o HPV. Uma delas, a bivalente, protege contra dois tipos de vírus, mais associados ao câncer de colo do útero - o 16 e o 18. A quadrivalente também previne contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais.

A vacina contra HPV foi aprovada para uso em mulheres de 9 a 26 anos, e, de preferência, deve ser administrada antes do início da vida sexual. A posologia recomendada é de três doses (com intervalo de dois meses entre elas), ao custo médio de R$ 300 cada dose.

Terra


Por dentro do HPV: esclareça suas dúvidas sobre a doença

A infecção por HPV pode levar ao câncer de colo de útero, mas com a vacinação e cuidados necessários é possível se previnir dele

que engloba mais de 100 tipos diferentes. Ele pode provocar a formação de verrugas na pele, nas regiões orais, anal genital e uretra. Porém, o maior problema está vinculado a cerca de 15 tipos do vírus, que são comprovadamente causadores de câncer de colo uterino. Os mais agressivos são os HPVs 16, 18, 31 e 45 que, juntos, são responsáveis por mais de 80% dos casos dessa espécie de câncer. 
 
Segundo um estudo realizado com mais de mil voluntários no Brasil, México e Estados Unidos, divulgado ano passado na revista cientifica The Lancet, cerca de 50% dos homens estava infectado com alguma variedade de HPV. Neles o vírus não pode causar câncer, porém, como o contágio acontece principalmente por via sexual, o índice gerou grande preocupação. Em 2012, a previsão da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que mais de 69 milhões de mulheres acima dos 15 anos estejam sob risco de desenvolver câncer de colo de útero.
“Em algumas regiões do Brasil esse é o tipo de câncer que mais mata mulheres. Por isso, é um tema tão importante para ser debatido no contexto de saúde pública”, defende a ginecologista Cecília Roteli, coordenadora do Centro de Pesquisas do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros.  De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o mais incidente na região Norte. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupa a segunda posição mais frequente; na região Sudeste, a terceira; e na região Sul, a quarta posição.
Para se prevenir contra o HPV o uso de camisinha é indispensável, porém ela não garante 100% de proteção. “Isso acontece porque, diferentemente do que acontece na maioria das doenças sexualmente transmissíveis, o vírus do HPV não precisa que a relação sexual seja completa. O contato com a mucosa e a pele já pode infectar. Porém, é claro que o preservativo protege e muito o contágio”, explica Cecília. O exame Papanicolau, que detecta possíveis lesões que podem ser causadas pelo vírus também é essencial para todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual. No entanto, a medida mais eficiente de prevenção continua sendo aliar a camisinha e os exames periódicos à vacinação.
No mês passado a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou o projeto de lei que prevê a inclusão da vacina que protege contra o HPV para meninas entre 9 e 13 anos na rede pública. O texto aguarda aprovação da Câmara dos Deputados e, posteriormente, sanção da presidente Dilma Rousseff. Atualmente as doses protetoras contra o vírus só existem na rede particular por um custo médio de R$ 900. “O ideal é que a vacina seja realmente tomada durante a infância, quando a menina ainda não iniciou a vida sexual e, portanto, não teve contato com nenhum tipo de infecção. Porém a Anvisa indica a vacina para mulheres até 25 anos, depois disso fica a cargo do médico prescrevê-la ou não. Com a vacinação o risco de contágio chega bem próximo a zero. Por isso, a vacinação deve ser oferecida pelo sistema público o quanto antes”, diz Cecília.
Confira agora a respostas para as dúvidas mais frequentes sobre HPV:
Há um grupo de risco quando se trata de HPV?
Não, qualquer mulher pode ser infectada por HPV. No entanto, na maioria das vezes o organismo consegue se defender naturalmente. O problema está nas mulheres que estão com o sistema imunológico comprometido pelo uso de cigarro, excesso de álcool, má alimentação ou algum problema de saúde. Os tipos mais agressivos do vírus são mais difíceis de serem detectados pelo organismo e combatidos, por isso costumam ser persistentes e gerar problemas mais sérios.
O HPV tem sintomas visíveis?
Os vírus não oncológicos, ou seja, os que não causam câncer podem gerar verrugas visíveis a olho nu. Porém as outras lesões causadas pelo HPV só são detectadas por um exame detalhado. Por isso, fazer o Papanicolau como exame periódico é indispensável.
A relação sexual é a única forma de transmissão?
O vírus é transmitido por relações sexuais na maioria das vezes. No entanto a transmissão também ocorre quando há atrito da pele com a mucosa infectada. Isso vale para as mãos, a boca e as genitais. Por isso, os médicos recomendam uso de preservativos também durante o sexo oral. Existe também a possibilidade de ocorrer transmissão por meio de objetos contaminados.
O HPV pode ficar inativo?
Sim, por isso, é difícil de detectar. Normalmente o vírus pode ficar inativo por até um ano, mas é possível que fique inativo por tempo indeterminado.
Quais são os exames de prevenção de HPV? Qual é a frequência que deve ser feito?
Os exames de prevenção de HPV são o Papanicolau e a colposcopia. Realizar os dois procedimentos anualmente costuma ser o suficiente para flagrar sinal de infecção e diagnosticar lesões causadas pelo HPV. Porém, para prevenir o câncer de colo de útero os médicos podem pedir exames complementares. A frequência ideal de cada exame será determinada pelo médico.
Quais são as vacinas existentes?
Existem dois tipos de vacinas para prevenir HPV, a Cervarix e a Gardasil. A primeira protege contra os tipos mais comuns de HPVs causadores de câncer, o 16 e 18, e oferece proteção adicional, específica, contra infecções persistentes causadas pelos tipos 45 e 31. E a segunda impede infecção dos tipos 16, 18, 6 e 11.
Uma única dose protege durante a vida toda?
As vacinas são novas no mercado, por isso, garantem um período de eficácia de 10 anos. No entanto, estima-se que a persistência de anticorpos após a vacinação com a Cervarix possa chegar a 20 anos. Esta vacina é dividida em três doses, sendo a segunda um mês após a primeira e a terceira deve ser tomada depois de seis meses depois da primeira.
A vacina pode causar reações?
A vacina nunca causa infecção, pois é fabricada com alta tecnologia e não possui o vírus inteiro. Ela estimula a produção de anticorpos que impedem a persistência de HPV em caso de contaminação.
Após a vacinação não é necessário submeter-se a exames de prevenção?
A vacinação é uma prevenção primária e não substitui os exames ginecológicos regulares e as precauções contra a exposição ao HPV e às doenças sexualmente transmissíveis, como o uso de preservativo. Como a vacina não imuniza contra todos os tipos de infecção, as outras maneiras de prevenção permanecem indispensáveis.
Mulheres que já tiveram infecção por HPV podem se vacinar?
Sim. Como a vacina contra HPV oncogênico protege contra mais de um tipo de HPV, pode impedir que ela seja contaminada novamente por outras variedades do vírus.
Quais são as possibilidades de tratamento para o HPV?
Muitas vezes o vírus é eliminado espontaneamente, porém em caso de persistência é necessário fazer um tratamento. Isso pode ser feito por meio de medicamentos ou com procedimentos cirúrgicos (cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser, conização, cirurgia convencional), dependendo do caso. A maioria dos tratamentos são invasivos e são prescritos levando-se em consideração diversos fatores.
Existe um tratamento mais eficiente?
O tratamento em mulheres infectadas pelo HPV é individualizado, dependendo do grau, extensão, número, localização e aspecto das lesões. Por isso, somente um médico especializado poderá definir o melhor tratamento para cada caso.
O tratamento possui alguma restrição?
O tipo ideal de tratamento será determinado pelo médico, que provavelmente oferecerá mais de uma possibilidade à paciente. Em casos de contaminação durante a gravidez, muitas vezes é recomendado que o tratamento seja iniciado após  o período de gestação para evitar qualquer complicação.
O tratamento pode ter algum efeito colateral como infertilidade?
Sim, por serem invasivos os tratamentos oferecem riscos. Tudo vai depender do estágio e tipo de infecção, mas o HPV e seu tratamento podem gerar infertilidade e abortos naturais.
Terra

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