sábado, 13 de outubro de 2012

Seita de 'profeta' que previa fim do mundo daria bebida com sangue de rato envenenado a seus 131 seguidores

Seita de ‘profeta’ que previa fim do mundo daria bebida com sangue de rato envenenado a seguidores

Luís Pereira dos Santos, de 43 anos, conhecido como
profeta
TERESINA - O chefe de Investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente do Piauí, Joattan Gonçalves, informou que a Polícia Civil está investigando a veracidade do depoimento de uma testemunha de que o ex-vigilante de condomínio Luís Pereira dos Santos, de 43 anos, conhecido como profeta, usava sangue de ratos envenenados para fazer uma substância usada para curar doenças das pessoas que faziam parte da seita nos últimos quatro anos. O ex-vigilante pregava que o apocalipse seria às 16h da última sexta-feira. Terminou preso dez minutos antes do horário previsto por ele para o fim do mundo.

Segundo Joattan Gonçalves, que está na investigação porque menores fariam parte da seita, o depoimento foi dado pelo marido de uma mulher que aderiu ao grupo comandado por Luís. O homem afirma que os ratos eram envenenados e depois tinham o sangue colhido para fazer a substância. Ainda segundo ele, duas pessoas da seita morreram, após terem consumido a substância para curar doenças.


Joattan Gonçalves disse que a polícia vai investigar o caso e, se forem comprovadas as mortes, será aberto inquérito para que o ex-vigilante responda pelo crime de homicídio culposo. A polícia, no entanto, ainda trata o assunto com cautela, por medo de o depoimento não ser verdadeiro.

- Nesse caso, nós estamos falando de pessoas lunáticas e temos a dificuldade de diferenciar a verdade da mentira, mas vamos investigar as supostas mortes porque realmente encontramos veneno de rato na casa onde estavam as pessoas da seita - declarou Joatan Gonçalves.

Ele informou que a testemunha declarou que a substância feita com sangue de rato envenenado seria dada aos fiéis da seita às 16h da sexta-feira, horário marcado pelo profeta como o fim do mundo. Joattan Gonçalves disse que depoimentos de integrantes da família de adeptos da seita, de que seus parentes ainda não chegaram em casa e estão desaparecidos, está preocupando a polícia.

‘Profeta’ diz que foi castigado
Gonçalves disse que, durante depoimento na Central de Flagrantes, o profeta Luís Pereira dos Santos disse que Deus o tinha castigado.

- Deus me castigou porque não acabou o mundo, como tinha me anunciado há anos - declarou o profeta Luís Pereira.

Em seu depoimento, o ex-vigilante disse ainda que vai continuar pregando a palavra de Deus e que acredita no juízo final. Ele declarou que há anos anos um anjo o procurou dizendo que o mundo iria se acabar às 16h de 12 de outubro de 2012 e que ele tinha que preparar as pessoas de coração puro para que fossem arrematadas no juízo final.

A casa do ex-vigilante continua fechada e com segurança feita por policiais militares. Na manhã deste sábado, alguns adeptos da seita pediram para a policia retirar motocicletas e outros bens que estão dentro da residência.

Seguidora não está arrependida de ter acreditado no fim do mundo
O soldado Francisco Alves, da Policia Militar, disse que na casa estavam apenas alguns policiais para fazer a segurança e para evitar depredação do imóvel, mas só a equipe de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) podiam entrar e retirar os bens dos fiéis.

Uma das seguidoras da seita, Maria das Graças Silva, declarou disse que não está arrependida de ter acreditado no fim do mundo e que vai continuar seguindo o profeta:
- Vamos continuar seguindo ele, porque ele só faz coisas de Deus, ele curou pessoas que estavam nas ruas viciadas em drogas, que só faziam coisas erradas, ele nunca incentivou o consumo de drogas e álcool e nem a prostituição, ele tirou as pessoas que faziam isso na rua e levou para o caminho de Deus.
oglobo.globo.com



Moradores voltam para casa de 'profeta' que anunciava fim do mundo
Homem foi preso por estelionato após previsão não ser concretizada.
PM deve permanecer no local para evitar depredação do imóvel.

A casa que chegou a reunir cerca de 120 pessoas para esperar o fim do mundo na sexta-feira (12), em Teresina, no Piauí, continua ocupada neste sábado (13) por alguns moradores. A informação é do coronel da PM Sá Júnior. Ele não soube dizer o número exato de pessoas que estão dentro da residência.

O grupo se reuniu no local com Luis Pereira dos Santos, de 43 anos, que dizia ser profeta e havia previsto o fim do mundo. O suposto profeta acabou preso e levado para a Central de Flagrantes de Teresina. Além do homem, outro rapaz que comandava o grupo também foi detido, mas já foi liberado. De acordo com Sá Junior, muitos moradores estão se aglomerando em frente da casa, a maioria curiosos, para conhecer o local, chamado por Santos de "arca da salvação". A casa está localizada no Parque Universitário, Zona Leste de Teresina. Dentro da casa permanecem pessoas que já moravam lá e outras que retornaram após o tumulto de sexta-feira. Mas não há crianças, assegurou o coronel da PM.

Santos, que se dizia profeta, foi preso por estelionato. De acordo com a polícia, ele usava o dinheiro de seus seguidores para manter a casa onde eram realizadas as reuniões. Santos ainda não tem advogado.

Homens da Polícia Militar invadiram a casa na sexta-feira para resgatá-lo, após a população nos arredores do imóvel atirar pedras e ameaçar entrar no local para linchá-lo. Para conter os ânimos e dispersar a população, a Tropa de Choque usou bombas de efeito moral e spray de pimenta. “A própria imprensa ficou sitiada na casa porque não tinha condições de sair de lá devido ao grande número de pessoas”, diz Sá Júnior. Segundo ele, há uma viatura no local neste sábado para garantir a segurança.

Questionado sobre a razão de algumas pessoas permanecerem na casa do suposto profeta, mesmo com a prisão dele e a não concretização do fim do mundo, Sá Junior atribuiu ao poder de persuação do suposto profeta. “O povo carente tem que se apegar a alguma coisa e ele conseguiu doutrinar esse povo de tal modo que ontem tivemos dificuldade para retirá-las de lá”, diz.

Há um grupo de gerenciamento de crise e outro de assistência social de prontidão em caso de necessidade, além da Tropa de Choque, de acordo com o coronel. “A situação está sob controle, mas se evoluir, temos para onde recorrer, e a PM está à frente de todas as negociações”, afima Sá Junior.

Santos foi levado para a Central de Flagrantes de Teresina, e permanece preso, em local não revelado, à disposição da Polícia Civil. "O procedimento é o seguinte: a Polícia Judiciária fará o inquérito e aí mandará para o Ministério Público", diz Sá Junior.

A Polícia Militar deve permanecer no local para evitar novos tumultos ou até a depredação da casa.

Não foram encontradas drogas no local, mas uma quantidade razoável de veneno de rato, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado. Por causa disso, a polícia levantou a hipótese de tentativa de suicídio coletivo.

Segundo testemunhas informaram à polícia, há cerca de dois anos Santos disse que havia recebido a visita de um anjo que anunciou o fim do mundo para as 16h do dia 12 de outubro. Seus seguidores se afastaram da família, deixaram seus empregos e alguns até doaram bens que tinham. Na casa, os seguidores passavam o tempo todo fazendo orações e se alimentando de doações. Algumas pessoas moravam no local há dois anos.
O caso virou notícia no tablóide britânico "The Sun".

Resgate de crianças
Na tarde de quinta-feira (11), uma operação com cerca de 100 homens das polícias Civil e Militar retiraram crianças e adolescentes da casa. Os menores foram levados para abrigos e estão sob a guarda do Conselho Tutelar da cidade.

O TJ informou que o mandado de busca e recolhimento dos menores foi autorizado pela juíza Maria Luiza Melo Freitas, da 1ª Vara da Criança e Adolescente, a pedido da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Teresina.

Há previsão de que os pais das crianças irão prestar depoimento para que a polícia possa verificar se os menores sofreram abusos ou outros crimes. O suposto profeta pode ser indiciado por abandono intelectual porque as crianças eram proibidas de frequentar a escola.

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