Além da obra que era realizada em dois andares, outras hipóteses são investigadas
Rio de Janeiro
As investigações sobre as causas do desabamento de três prédios na noite de quarta-feira na região da Cinelândia, Rio de Janeiro continuam. Além das obras que estavam em curso no terceiro e no nono andares do Edifício Liberdade, existem ainda outras hipóteses para explicar a tragédia.
Uma delas é a de que a laje da cobertura do prédio estivesse passando por um adiantado processo de corrosão e infiltração. O edifício, de 20 andares, era da década de 40.
A possibilidade de falha estrutural foi levantada no dia seguinte ao desabamento, depois de uma inspeção do Crea-RJ. Acrescenta-se à suspeita o fato de o prédio ter sido originalmente projetado para ser residencial, sem previsão de receber a carga extra de obras e instalações de uma unidade comercial.
Outra especulação remonta às escavações da Linha 1 do metrô, nos anos 70. Segundo testemunhas, durante a perfuração do solo, uma inclinação teria sido diagnosticada no Liberdade, mas, de acordo com essa versão, o problema foi corrigido com um reforço de concreto na base da construção.
Especialistas dizem, porém, que problemas na base de uma edificação costumam dar sinais, como rachaduras e inclinações. Além disso, a forma como o edifício Liberdade ruiu ? com os andares mais altos entrando primeiro em colapso ? não reflete problemas de fundação.
Inquérito
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as responsabilidades do desabamento. O delegado Alcides Alves Pereira aguarda o resultado da perícia que está sendo feita no local para fazer uma avaliação sobre um eventual responsável.
Segundo o delegado, se houver um responsável pelas quedas dos três prédios, o crime envolvido será de desabamento qualificado e a pena será de 2 a 4 anos de detenção.
Buscas
O corpo da 17ª vítima do acidente foi retirado, às 2h05 da madrugada de ontem, do local onde funcionava o fosso dos elevadores do prédio de 20 andares. Após bombearem a maior parte da água que ficou acumulada naquela parte dos escombros, os bombeiros localizaram o corpo. Não foi informado o sexo da vítima.
Local da tragédia vira ponto de turismo
Uma das principais áreas turísticas do Centro do Rio, com seu conjunto arquitetônico do início do século passado, a Cinelândia atraiu no primeiro fim de semana depois da tragédia inúmeros curiosos interessados em ver de perto os destroços dos três edifícios que desabaram.
Alguns turistas chegavam a posar diante do cenário da tragédia. Com o bloqueio do acesso à região do desastre, a maioria se contentava em tirar fotografias de longe. A advogada paulista Lídia Stefani, 52, levou a irmã para visitar o local, que já tinha visitado na última quinta-feira, poucas horas após do desabamento. "Só vi uma nuvem de poeira aquele dia", disse.
Lídia também conta que o número de pessoas que tiravam fotografias no dia seguinte à tragédia era tão grande que os curiosos formavam fila na calçada. Outros que visitavam o Rio no início deste fim de semana ficaram decepcionados com a interdição do Theatro Municipal, um dos pontos turísticos mais visitados do centro, a poucos metros do local do desabamento. (AE)
Partes de corpos são encontradas em depósito de entulho, no Rio
Segundo o coronel Sérgio Simões, cinco seguem desaparecidos e outros 17 corpos já foram encontrados
Bombeiros do Rio de Janeiro que fazem buscas por corpos de vítimas do desabamento, em entulhos levados para um depósito, em Duque de Caxias, acharam quatro partes de corpos.
De acordo com a Polícia Civil, os restos mortais foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e agora precisam passar por uma perícia para esclarecer se pertencem aos corpos que já foram encontrados ou se fazem parte de outras vítimas ainda não resgatadas.
Cinco continuam desaparecidos
O comandante do Corpo de Bombeiros e Secretário Estadual da Defesa Civil, o coronel Sérgio Simões, pediu a Secretaria Municipal de Assistência Social para fazer uma revisão no número de pessoas que estavam desaparecidas após o desabamento de três prédios no Centro do Rio de Janeiro. Nesta nova análise foi apurado que seriam 22 vítimas da tragédia, sendo que 17 já foram encontradas e cinco continuam desaparecidas.
O coronel, que está no local do desabamento acompanhando as buscas, declarou à imprensa também que vai liberar a Rua Treze de Maio para os pedestres na segunda-feira (30). Tapumes de madeira já estão sendo colocados para isolar a calçada onde aconteceu o desabamento. Segundo ele, as buscas irão prosseguir e não têm prazo para terminar.
O edifício Capital, que fica ao lado do prédio que desabou, continuará interditado e não tem prazo para ser liberado. Apesar de não haver risco de desabamento, três andares desse edifício foram atingidos por escombros.
A respeito dos corpos que ainda faltam ser encontrados, Simões não descarta a possibilidade que tenham sido levados junto com os escombros para o aterro sanitário em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Um corpo foi encontrado no depósito na sexta-feira (27).
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