Voo 447: BEA não confirma informações do 'Le Figaro' que apontam que causa do acidente não foi falha do Airbus
RIO - O jornal francês 'Le Figaro' disse ter tido acesso a uma parte do conteúdo das caixas-pretas do voo 447, da Air France, que caiu no Atlântico em 2009 no voo Rio-Paris. Segundo o diário, os primeiros dados examinados livram de qualquer culpa a fabricante do avião, a Airbus, e levam os investigadores a se concentrar nos procedimentos adotados pela tripulação após a falha inicial das sondas que medem a velocidade do aeronave. O Escritório de Investigações e Análises da França (BEA, na sigla em francês), no entanto, classificou a reportagem como "tributo ao sensacionalismo", já que as informações publicadas não foram confirmadas.
O órgão disse ainda que a divulgação de dados da análise das caixas-pretas, que acabou de começar, é uma afronta aos passageiros e tripulantes que morreram e causa ainda mais sofrimento às famílias das vítimas. O BEA disse que tem a responsabilidade legal pela investigação de segurança e, por isso, só ele pode dar informações sobre o andamento do inquérito. Assim, qualquer informação sobre a investigação de outra fonte é nula se não foi confirmada pelo órgão.
Em outra matéria divulgada nesta terça-feira, o "Le Figaro" disse que a Airbus, fabricante do A 330 da Air France que caiu no Atlântico, enviou um comunicado (Accident Information Telex, ou AIT) a seus clientes em todo o mundo ressaltando que, no atual estágio de análise do Data Flight Recorder (caixa-preta que registra os parâmetros de voo), a Airbus não tem qualquer recomendação imediata a fazer a seus operadores. O comunicado é assinado por Yannick Malinge, diretor de segurança. De acordo com o diário francês, isso significa que nenhuma das informações preliminares extraídas da caixa-preta do 447 justifica um alerta a seus clientes sobre uma possível falha técnica de seu A 330 ou sobre qualquer mudança de procedimento. Ainda segundo o Figaro, o fato comprovaria a tese de que, após as primeiras análises, os investigadores passaram a se concentrar numa possível falha da tripulação ou da Air France.
Em sua página na internet, o jornal já havia informado que uma das caixas-pretas recuperadas do avião forneceu informação suficiente para concluir que o acidente não foi causado por uma falha do avião da Airbus, mas não tinha explicado como as autoridades chegaram a essa conclusão. Citando fontes do governo e próximas ao caso, o "Le Figaro" disse que o BEA focará sua investigação em saber se a Air France ou sua tripulação tem alguma responsabilidade pelo acidente, levando em conta as supostas evidências de que a aeronave não apresentou falhas.
Mas, segundo fontes ligadas à investigação, os dados do CVR (Cockpit Voice Recorder), com os diálogos dos pilotos na cabine, além do próprio FDR, vão revelar se os erros cometidos são de responsabilidade dos pilotos ou da Air France.
O "Le Figaro" chegou a dizer que o BEA divulgaria novas informações sobre a responsabilidade da Air France ou dos pilotos nesta terça-feira. Através do comunicado, o BEA, no entanto, ressaltou que a análise é um longo e meticuloso processo e que não será emitido um relatório parcial antes do verão europeu. O órgão disse ainda que nesta fase do inquérito, nenhuma conclusão pode ser tirada.
Na segunda-feira, o BEA disse que os dados das duas caixas-pretas do voo AF 447 foram preservados e puderam ser recuperados .
Na quinta-feira, as duas caixas-pretas chegaram a Paris e foram mostradas pela primeira vez. Os equipamentos foram resgatados no início do mês após ficarem dois anos submersos.
Investigadores disseram que os sensores de velocidade da aeronave, que inicialmente foram apontados como uma possível causa do acidente, ainda não foram encontrados. Cerca de 50 corpos foram localizados no local do acidente, disse o promotor público francês Jean Quintard.
Dois corpos foram retirados do local na semana passada, mas os investigadores afirmam que, se não conseguirem retirar amostras de DNA dos cadáveres para identificá-los, abandonarão os planos de resgatar os demais corpos. Na próxima quarta-feira será anunciado se foi possível a identificação dos corpos.
O Globo
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