sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

“Revolução das batatas fritas”: Belgas usam batata frita e strip-tease para protestar. Veja

A “Revolução das batatas fritas” foi organizada por estudantes para ironizar o impasse político do país. Flamengos e francófonos não têm acordo desde eleições de junho de 2010.
'Revolução das batatas fritas' ironizou nas ruas do país o impasse político..


Nesta quinta-feira, 17, a Bélgica se igualou ao recorde iraquiano de mais longa crise política.
Manifestantes sem roupa 'celebram' os 249 dias sem governo nesta quinta-feira (17) na cidade belga de Ghent (Foto: AFP)A data foi comemorada na cidade com 'strips' de 249 estudantes, um para cada dia sem governo (Foto: AFP)



O país completou 249 dias sem governo. Para marcar a data, os belgas batizaram a data como a “Revolução da Batata Frita” e em homenagem ao prato que preferência nacional e protestaram pela situação do país com humor: tirando a roupa!

Em todo o país ocorreram comícios e eventos com a participação de milhares de pessoas, incluindo um strip-tease coletivo com a participação de 249 estudantes em Ghent (norte do país).

A data também foi lembrada com sarcasmo pela imprensa belga. O principal jornal de Flandres usou uma analogia futebolística para noticiar o recorde, estampando em sua capa a manchete “Finalmente, campeões do mundo!”.

Crise política

A sede da União Europeia e da Otan, a Bélgica possui 11 milhões de habitantes e sofre bloqueio político há mais de oito meses, tendo início depois das eleições de junho de 2010, quando não houve acordo entre as forças políticas para a formação de um governo. Após estes meses, líderes políticos do norte flamengo e do sul francófono ainda disputam um acordo coalizão.

Estudantes belgas planejaram diversas ações de protesto a fim de forçar os dois lados a um governo, incluindo até a distribuição de batatas fritas por todo o país.

"O objetivo é denunciar o impasse político e também celebrar o recorde alcançado pela Bélgica (considerando apenas o primeiro período iraquiano)", disse à BBC Brasil o presidente da Federação de Estudantes Francófonos, Michaël Verbauwhede, um dos idealizadores da iniciativa.

"Estamos fartos. A população não se reconhece nessas ideias que querem dividir o país. Sabemos que é perfeitamente possível viver juntos e que não resolveremos melhor os verdadeiros problemas - econômicos e ecológicos - se dividindo", defendeu.
Strip-tease e batatas fritas

A "revolução" belga terá uma série de atividades inusitadas realizadas simultaneamente em diversas cidades do país durante todo o dia, entre elas um strip-tease coletivo em Gent, onde são esperados cerca de 250 participantes.

Em Louvain-la-Neuve os participantes poderão brincar de tiro ao alvo com fotos dos principais líderes políticos do país e assinar um muro de reivindicações, enquanto na cidade de Antuérpia está prevista uma festa ao ar livre, com DJ e distribuição gratuita de batatas fritas e cerveja.

Esta será a segunda vez que os belgas saem às ruas para se manifestar contra a crise política iniciada com a renúncia do primeiro-ministro Yves Leterme, em abril de 2010, e a realização de eleições antecipadas, em junho do mesmo ano.

Em meados de janeiro, quando o país superou o recorde europeu de 208 dias sem governo, mantido por Holanda desde 1977, quase 40 mil pessoas protagonizaram a chamada "marcha da vergonha" pelas ruas de Bruxelas.

Acampamento

Já na internet, há diversas iniciativas contra a ausência de um governo. Uma delas é o site www.camping16.be, que convida os cidadãos a acampar virtualmente diante da sede do governo e tem quase 152 mil adeptos.

Iniciativas individuais também tentaram chamar a atenção da classe política, entre elas o apelo lançado pelo ator belga Benoit Poelvoorde para que os homens do país deixassem a barba crescer até a formação de um novo governo.

Mais recentemente, a senadora flamenga Marleen Temmerman sugeriu que as esposas dos políticos envolvidos nas negociações governamentais fizessem greve de sexo até que seus maridos cheguem a um acordo.

FOTOS: reprodução / G1

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