sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Uma nova rota para o Homo sapiens

WASHINGTON - Os humanos modernos podem ter saído da África milhares de anos antes do que acreditavam os cientistas, cruzando o Mar Vermelho em direção à Península Arábica no lugar de seguir o Rio Nilo até sua foz ao norte, afirma uma equipe internacional de pesquisadores em artigo publicado na revista "Science". Segundo eles, ferramentas de pedra encontradas nos Emirados Árabes Unidos indicam que havia presença humana no local entre 100 mil e 125 mil anos atrás.

Embora a maior parte dos cientistas concorde que os humanos modernos se originaram da África, os antropólogos ainda buscam entender as rotas tomadas por essas populações para se espalhar pela Ásia, Extremo Oriente e Europa. Evidências anteriores indicavam que os humanos modernos haviam subido pelo vale do Nilo e partido rumo ao Oriente Médio há cerca de 60 mil anos. A descoberta aponta, portanto, que a migração teria começado pelo menos 40 mil anos antes.

- Não há muitas saídas da África - explica Hans-Peter Uerpmann , do Centro de Arqueologia Científica da Universidade Eberhard-Karls, em Tuebingen, Alemanha. - Você pode sair pelo Sinai, ao norte do Mar Vermelho, ou atravessar os estreitos ao sul do Mar Vermelho. Nossa descoberta abre esse segundo caminho que, na minha opinião, é mais plausível para um movimento em massa do que a rota para o norte.
Australopithecus Homo erectus Neanderthal Homo sapiens

As técnicas usadas para fabricar os machados e outras ferramentas encontradas em Jebel Faya, no Emirado de Sharjah, sugerem que eles foram produzidos por pessoas que vieram de fora da região, diz Anthony E. Marks, da Universidade Metodista de Dallas, acrescentando que eles eram similares a outras ferramentas produzidas no leste da África na mesma época.

Como o clima era diferente na época, a Península Arábica era mais úmida, com uma savana povoada por animais que podiam ser caçados. Além disso, o nível da água mais baixo na ponta sul do Mar Vermelho faria com que a distância entre a África e a península fosse de algo entre 800 metros e quatro quilômetros, acrescenta Adrian G. Parker, da Universidade Oxford Brookes, na Inglaterra. De acordo com Uerpmann, isso tornaria a travessia fácil para populações acostumadas a lidar com os grandes lagos e rios do leste da África, nos quais usavam balsas ou barcos.

O Globo

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