Será vermelho escuro a cor da pílula da ereção que vai concorrer com o losango azul do Viagra. O Uprima, nome comercial da droga apomorfina, foi apresentada oficialmente no 15º Congresso da Associação Européia de Urologia, que terminou neste final de semana em Bruxelas.
Há uma semana o Uprima foi aceito pelo grupo de cientistas que dá inicio ao processo de registro dentro do FDA, o órgão norte-americano que controla alimentos e medicamentos. A aprovação é esperada para o início de julho. Até novembro, o remédio deve estar nas farmácias brasileiras.
A droga foi desenvolvida pelo laboratório Takeda, do Japão, e será comercializada pelo Abbott. O Viagra, primeira droga oral para disfunção erétil, é produzido pelo laboratório Pfizer e vendido no Brasil desde junho de 1998.
A diferença entre a apomorfina (do Uprima) e o sildenafil (do Viagra) é que a primeira age no sistema nervoso central e a segunda atua diretamente nos neurotransmissores locais que dilatam as artérias e levam à ereção. O resultado final é o mesmo.
A vantagem -segundo trabalhos apresentados em Bruxelas- é que, por ser um comprimido derretido debaixo da língua, a apomorfina chega mais rapidamente à corrente sanguínea e daí ao cérebro. Em 20 minutos, em média, provoca ereção suficiente. O sildenafil, tomado por via oral, demora em média uma hora para fazer efeito, já que a droga precisa passar pelo estômago e intestino antes de chegar à corrente sangüínea e daí ao cérebro.
O Vasomax, o Herivyl e a Regitina, drogas também orais à base de fentolamina, precisam de 30 a 40 minutos para fazer efeito.
Outra vantagem, apontada em estudos e que está na bula do Uprima, é a sua não interação com nitratos, o que acontece com o Viagra. Niitratos são vasos dilatadores utilizados para anginas e infartos do miocárdio, por isso os médicos evitam a prescrição do Viagra para cardiopatas.
Para os médicos, a chegada do Uprima é comemorada como mais uma opção para o tratamento da disfunção erétil. Para os pacientes, espera-se que a concorrência leve a uma futura redução no preço. Por enquanto, cada comprimido do Viagra custa R$ 17, o mesmo custará o Uprima.
A apomorfina já foi testada em 17 estudos clínicos que envolveram pouco mais de 3.000 homens, incluindo diferentes níveis de disfunção erétil, além de hipertensos, diabéticos e cardiopatas. Entre pacientes com disfunção moderada e grave, os estudos mostraram um nível de eficácia entre 45% e 55%. Nos testes do Viagra, feitos com pacientes leves e moderados, o índice chegou a 70%. "Como são grupos de pacientes diferentes, pode-se dizer que as duas drogas têm eficácia semelhante”, diz Celso Gromatzky, urologista do Hospital das Clínicas.
Os estudos feitos ainda não permitem dizer se o Uprima necessita de estímulos externos, visuais ou táteis, para desencadear a ação. Por exemplo, não se sabe ainda o que acontece com um paciente que tomar a droga e, em lugar de iniciar um jogo de carícias, sair para o trabalho ou passar a preencher o imposto de renda.
No caso do Viagra já se sabe que, sem desejo, não funciona. Já as injeções de prostraglandina, aplicadas no pênis, agem mesmo que o paciente não queira.
Pelo menos cinco instituições brasileiras começam os testes com o Uprima em voluntários já no próximo mês.
Pelo menos dois outros laboratórios devem lançar drogas para a ereção nos próximos dois anos. Um é o Bayer, com o vardenafil, molécula semelhante ao sildenafil, do Viagra. O outro é o Eli Lilly, que também deve explorar um sal parecido.
Em estudos iniciais estão sprays, cremes de uso tópico e drogas desenhadas para o orgasmo feminino, como supositórios vaginais.
Consumidores não devem faltar. Segundo a pesquisa MMAS, de Massachusetts, tida como referência internacional, 52% dos homens entre 40 e 70 anos sofrem alguma dificuldade na ereção. Na população de homens em geral, seriam 10% -o que no Brasil significaria cerca de 8 milhões de pessoas.
Esses números explicam porque as drogas para a ereção estão entre as que mais rapidamente evoluíram. Quarenta anos atrás só existia a terapia sexual como solução. Nos anos 70 surgiram e se desenvolveram rapidamente as próteses penianas. Em 1981, as injeções no pênis ganharam credibilidade e seguidores. Em 1997 foi a vez do supositório colocado na uretra. No ano seguinte, surgiu o Viagra, a primeira droga oral para a ereção. Agora, o Uprima está sendo anunciado como o primeiro a agir a partir do sistema nervoso central.
Fonte: Diário de Cuiabá
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