Após o apoio fundamental da Marinha na tomada da Vila Cruzeiro pelas forças policiais do Rio , o Ministério da Defesa anunciou, na noite desta quinta-feira, que, a pedido do Governo do Rio de Janeiro, serão enviados ao estado 800 militares do Exército para auxiliar no combate à violência.
A autorização para liberar reforços foi dada pelo presidente Lula. Segundo o Ministério da Defesa, os 800 homens estarão sob o comando de um militar e vão trabalhar em articulação com as forças policiais estaduais e federais. Quinta-feira, 88 fuzileiros, com o apoio de seis veículos blindados, participaram da operação na Penha.
Tropas chegam ainda hoje
O ministério informou que o embarque dos militares é imediato e os soldados devem estar nas ruas da capital fluminense hoje cedo. Segundo o documento assinado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, os soldados serão "utilizados na proteção de perímetro de áreas conflagradas a serem tomadas pelas forças estaduais e pela Polícia Federal".
Além das tropas, o governo federal também vai mandar para o Rio dois helicópteros da Força Aérea, dez veículos blindados de transporte, e serão fornecidos, temporariamente, equipamentos de comunicação, além de óculos para visão noturna.
Em 2008, 3.500 soldados do Exército participaram da ocupação do Complexo do Alemão, às vésperas da eleição. Era a Operação Guanabara que tinha objetivo evitar a influência do tráfico e da milícia durante o pleito. Naquela época, candidatos reclamavam que bandidos impediam a entrada deles em favelas para fazer campanha. As tropas ficaram nas ruas até o dia da eleição. Não houve confronto durante a ocupação. Mas a entrada na favela foi estratégica: o Exército levou sua banda, que tocou os hinos de Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense na Nova Brasília, que dá acesso ao complexo.Os militares retiraram 25 barricadas instaladas pelo tráfico nos acessos do Alemão. Tropas da Marinha também participaram. Apesar da ocupação, homens armados ainda circulavam pelas vielas. A ordem para as Forças Armadas atuar no Rio foi do Tribunal Superior Eleitoral. Naquele ano, os militares estiveram em 27 comunidades. A orientação era evitar ocupar nas favelas durante os horários de entrada e saída das escolas. Com a Operação Guanabara, os políticos tinham a autorização para fazer campanha em áreas ocupadas pelos militares das 12h às 18h
Segundo nota divulgada pelo ministério, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou a Diretriz Ministerial nº 14, que determina às Forças Armadas o reforço do apoio ao Governo do Rio de Janeiro nas operações de combate à onda de criminalidade que afeta a cidade. "A Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi solicitada pelo Governador do Rio de Janeiro e autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serão enviados 800 homens do Exército para serem "utilizados na proteção de perímetro de áreas conflagradas a serem tomadas pelas forças estaduais e pela Polícia Federal".
O governador Sérgio Cabral se reúne nesta sexta-feira, às 13h, no Palácio Guanabara, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame.
Nesta quinta-feira, a polícia invadiu a Vila Cruzeiro, na Penha, mas um bando de pelo menos uma centena de traficantes fortemente armados fugiu para o Compexo do Alemão.
Apesar da forte ação da polícia, os ataques incendiários a veículos, que aterroriza a população, continuou no Rio .
A onda de ataques que atinge o Rio fez o subsecretário de segurança, Edval Novaes, afirmar, na noite desta quinta-feira, que a falta de contingente prejudica a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha:
- UPPs na Vila Cruzeiro e no Alemão precisariam de cerca de 2.200 PMs. Mas isso está dentro do nosso planejamento e vai acontecer. Por isso, no momento, a ocupação será permanente, mas isso não significa uma UPP a curto prazo. Há previsão de implantarmos 40 UPPs na favelas do Rio - declarou o subsecretário.(O Globo)
CINCO DIAS DE ATAQUES
Até as 23h desta quinta-feira, 38 pessoas já tinham morrido desde domingo (21) quando as operações policiais no Rio de Janeiro foram iniciadas. Só no quinto dias de ataques, 11 pessoas foram mortas --9 na favela do Jacarezinho (7 civis e 2 PMs) e 2 em Rocha Miranda, em um conflito na favela Palmerinha.
Balanço divulgado às 22h51 pela Polícia Militar do Rio registra 37 veículos incendiados nesta quinta em diversos pontos da cidade. No total, 80 veículos já foram quimados desde domingo.
Ainda segundo o último balanço da polícia, 15 pessoas foram detidas nesta quinta --entre ele um homem que atacou o DPO-- e dois adolescentes foram apreendidos. Foram apreendidos nas operações uma pistola, uma granada, um revólver, quatro garrafas PET com material inflamável, três galões de gasolina, seis dinamites, seis espoletas, uma garrafa com gasolina, 5 litros de gasolina e 5 litros de álcool. (Folha)
Apu Gomes/Folhapress |
Leia a Diretriz Ministerial 14/2010, para as Forças Armadas, assinada na noite desta quinta-feira 925/11) pelo Ministro da Defesa, Nelson Jobim
Brasília, 25 de novembro de 2010
DIRETRIZ MINISTERIAL N. 14/2010
O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA determinou o emprego das FORÇAS ARMADAS, para a garantia da lei e da ordem, na cidade do Rio Janeiro.
Tal decisão decorreu de solicitação feita pelo SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO JANEIRO, nesta data.
O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA autorizou a atuação das forças "nas condições e extensão solicitadas".
Assim, com fundamento no art. 7, I, do Decreto n. 3.897/2001, e nos limites solicitados pelo SENHOR GOVERNADOR
DETERMINO
1. Ao COMANDANTE DO EXÉRCITO que acione efetivo de "800 militares", do COMANDO MILITAR DO LESTE (CML), para "serem utilizados na proteção de Perímetro de áreas conflagradas a serem tomadas pelas forças estaduais e pela Polícia Federal", além do efetivo necessário para o apoio da tropa e sua defesa.
Esse efetivo estará sob o comando do oficial designado pela autoridade militar competente e deverá operar em coordenação e articulação com as forças policiais estaduais e federais e com as demais forças militares.
2. Ao COMANDANTE DA AERONÁUTICA que acione:
a. Uma aeronave de asa rotativa "Super Puma para transporte de tropa" ou equivalente; e
b. Uma aeronave de asa rotativa "H1H para utilização com atiradores" ou equivalente.
As aeronaves deverão ser operadas por militares da Aeronáutica em coordenação e articulação com as forças policiais estaduais e federais e com as demais forças militares.
3. Aos COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS que, articuladamente, acionem:
a. "Dez viaturas blindadas para transporte de pessoal", incluindo as respectivas guarnições que as conduzirão;
b. "Equipamentos de comunicação aeronave x solo", para serem cedidos, temporariamente, às forças estaduais;
c. "Equipamentos de visão noturna", para serem cedidos, temporariamente, às forças estaduais;
4. Ao ESTADO MAIOR CONJUNTO DAS FORÇAS ARMADAS que designe oficial para:
a. promover a integração dos comandos militares empregados na operação;
b. promover a ligação com as autoridades estaduais e federais; e
c. manter este Ministério informado das operações, via o Centro de Operações Conjuntas (COC).
NELSON A. JOBIM
Ministro da Defesa
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