Parece que vale tudo para ter prazer. É uma busca incessante de orgasmos múltiplos, corpos esculturais e parceiros performáticos, que, muitas vezes, nem são necessários. Na vida normal, sem os exageros dos filmes e das novelas, no acordar de mau humor e ir dormir cheia de preocupações com filhos, família ou apenas com o trabalho, uma palavra assombra algumas mulheres: o orgasmo, tema da terceira matéria da série Sexualidade Feminina.
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"Quando você faz sexo e não atinge o orgasmo, pode ser até gostoso, mas você não ficou saciada. Então, falta alguma coisa", avalia a diretora do Kaplan, Maria Helena
"O orgasmo é o clímax da relação sexual e é muito importante para que o ciclo de resposta sexual seja completo. Muitas mulheres nunca tiveram orgasmo em suas vidas", afirma a fisioterapeuta Raquel Pompermayer, especialista em saúde da mulher.
Segundo Raquel, a falta de orgasmo pode decorrer por fatores psicológicos: deficiência feminina em assumir o papel erótico, medo de engravidar e traumas relacionados ao sexo. Fatores físicos também influenciam, como alteração hormonal e da musculatura vaginal.
Para a educadora sexual e diretora do Instituo Kaplan, um centro de estudos da Sexualidade Humana de São Paulo, Maria Helena Vilela, ter orgasmo é extremamente importante. "Causa uma gratificação na mulher. Quando você faz sexo e não atinge o orgasmo, pode ser até gostoso, mas você não ficou saciada. Então, falta alguma coisa", avalia.
Ainda de acordo com a educadora, não é nada que prejudique fisiologicamente essa mulher. "Uma vez ou outra que ela não consiga também não prejudica o emocional dela, mas, se sistematicamente, ela não consegue atingir o orgasmo, o sexo vai ficando sem graça e começa a fazer falta", destaca.
Como chegar lá
Maria Helena aponta duas formas para chegar ao orgasmo. "Para que a mulher possa atingir o orgasmo, ela precisa de um parceiro que saiba fazer carícias adequadamente e estimulá-la para atingir um nível de excitação tal, que irá levá-la ao orgasmo. Em segundo lugar, é necessário que ela tenha um desprendimento e entrega para se envolver com as sensações que esses estímulos estão causando nela", acredita. No momento da relação, deixe os problemas de lado, porque se a mulher estiver preocupada, vai pensar no que está incomodando e, com isso, dificultar o orgasmo.
Tratamento
Se a falta de orgasmo está incomodando e se a mulher não está conseguindo identificar o que está a deixando desconfortável, é a hora de procurar a ajuda de um terapeuta sexual. "Quanto mais experiência sexual negativa ela tiver, pior fica a situação. Porque aí ela começa a entrar num ciclo vicioso e pode nem querer iniciar um ato sexual", alerta Maria Helena.
A fisioterapeuta Raquel aconselha as técnicas de eletroestimulação e exercícios perineais, que melhoram a conscientização corporal, fortalecem a musculatura perineal e estimulam a lubrificação e o desejo. "Em alguns casos também é interessante o acompanhamento de uma psicoterapia", orienta Raquel.
Como o parceiro pode ajudar
Os dados sobre mulheres que não atingem o orgasmo são relativos. Segundo o ginecologista e sexólogo Rogério Rodrigues da Silva, aproximadamente 30% das mulheres vão experimentar alguma dificuldade em atingir o orgasmo.
Para facilitar o processo, o parceiro pode e deve ajudar. "A primeira atitude é não pensar só nele, ou seja, no seu desempenho sexual. Deve ser mais atencioso com sua parceira, promovendo, descobrindo, despertando sensações e emoções, que vão estimular não somente o corpo, mas o cérebro dela, que é gerador de estímulos sexuais, além de promover fantasias, que vão desencadear maior excitabilidade para a mulher", ensina o médico.
Em segundo lugar, o casal tem que se mostrar interessante aos olhos um do outro: ser saudável, limpo, promover um corpo atraente e erótico
Sensação
Segundo a ginecologista e sexóloga Denise Galvêas, de modo simplificado, acontece assim: a pessoa vai aumentando a intensidade da excitação e o grau de lubrificação, com isso, a vulva vai ficando mais inchada. A sensação vai acentuando, até que a mulher sinta um prazer maior ainda, que é o orgasmo.
O ginecologista Rogério Rodrigues explica que o corpo feminino desenvolve uma descarga de sensações e sensibilidade em toda a sua superfície, com isso aumentam os batimentos cardíacos, a respiração, a transpiração, aquecendo toda a pele.
"Na região dos órgãos genitais externos (vulva, vagina, clitóris e região do períneo), e dos órgãos genitais internos (parte da vagina, útero e estruturas adjacentes, como ovários e ligamentos), há um aumento do sangue circulante nessas áreas, o que denominamos de área de congestão, que promoverá maior excitação, desenvolvendo sensação de contração involuntária dos músculos da vagina e região do períneo - tipo latejamento no interior da vagina-, chegando então, ao orgasmo", completa o ginecologista.
Dúvidas frequentes
A ginecologista Denise afirma que algumas mulheres não sabem identificar se já tiveram ou não orgasmo. "Às vezes a pessoa tem a impressão de que o orgasmo é muito mais intenso do que ela sente, por ler em livros e ver em filmes sensações maiores do que ela sente", diz.
Clitóris
Para chegar ao orgasmo, o clitóris precisa ser estimulado, o que pode ser feito nas preliminares. "Têm mulheres que, conforme a posição da penetração, já tem o orgasmo, porque o corpo do homem fricciona o clitóris. As posições "papai e mamãe" e o homem deitado e a mulher sentada sobre ele são as mais estimulantes. Outras mulheres, durante a penetração, precisam estimular o clitóris com o próprio dedo ou o do parceiro para chegar ao orgasmo", conta Denise.
Dr. Rogério Rodrigues da Silva
Fisioterapeuta Raquel Pompermayer
Dr. Denise Galvêas
Fonte: A Gazeta
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