sábado, 31 de julho de 2010

Três transsexuais estão na disputa por vaga na Assembleia capixaba

Eles são minoria na sociedade e, de quebra, também são poucos na disputa eleitoral deste ano. Mas nada que desanime a ala LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) entre os candidatos que disputam uma vaga na Assembleia Legislativa.

Moacyr (Moa) foi o primeiro transexual a
assumir um cargo político no Estado
Entre os 425 candidatos que concorrem à eleição de outubro, três figuram na lista como representantes desse grupo. Todos eles são candidatos transsexuais, de partidos distintos. Nas urnas eletrônicas, nada do nome de batismo. Para Lauro José Bretas, por exemplo, candidato a deputado estadual pelo PTB, os eleitores o reconhecerão pelo nome de Larissa Lorran. O mesmo vale para Moacyr Sélia Filho, político popularmente conhecido, principalmente na região de Nova Venécia, como Moa (PR). Já Adelson Fernandes Alípio dá vez para Hellen Brizzartt (PRP).

Mesmo pequeno, o número de candidatos LGTB no Estado é considerado um avanço, segundo a Associação de Gays do Espírito Santo. “De uns anos para cá, tivemos muitos avanços. Ainda não somos respeitados como deveríamos, mas não temos mais aquela dificuldade de aproximação com políticos ou representantes de cargos públicos”, destaca Toninho Baptista, representante da associação e vice-presidente da Associação de Moradores do Morro da Floresta, bairro da Consolação.

Apesar de serem as únicas representantes do grupo LGBT, nenhuma das três candidatas quer figurar na política capixaba apenas como defensora dos direitos da minoria. É por isso que investem em campanhas com propostas abrangentes.

A primeira
De todas as candidatas transsexuais que disputam uma vaga na Assembleia Legislativa nas eleições deste ano, a mais conhecida é a vereadora Moa (PR), de Nova Venécia, Região Noroeste do Estado. Ela, inclusive, detém o título de “a primeira transsexual eleita no Estado e a única que assumiu a presidência de uma Câmara de Vereadores em todo o Brasil”, em 2007 e 2008.

“Essa vai ser a primeira vez que saio como candidata a deputada estadual. Tenho dois mandatos seguidos na Câmara Municipal, o que meu deu uma bagagem. Sempre trabalhei com transparência e na luta pela moralização da política”, conta Moa.

Hoje, no entanto, para o cargo que almeja, o slogan de campanha até mudou e transformou-se em “Nós podemos”. “Ele significa que todos os grupos de minoria, como as mulheres, os negros, os índios, as pessoas com deficiência e todos aqueles que se sentem discriminados, podem se espelhar na minha conquista, que é resultado de muita luta. É saber que podemos, juntos, estar na política para fazer a diferença”, explica.

Mas isso não quer dizer que Moa “abandonou” os outros grupos da sociedade. “Queremos unir todos aqueles que trabalham pela moralização da política, independentemente de orientação sexual. Vamos construir um país igualitário e que, acima de tudo, respeite a diversidade”.

“Temos de dar uma reviravolta na política”
“Nós temos nosso nome de batismo. Mas, nas urnas, eu sou Larissa Lorran (PTB)”, manda avisar a candidata a deputada estadual nas eleições deste ano. Nascida Lauro José Bretas, a transsexual Larissa Lorran não enxerga na opção sexual das pessoas um atestado de boa índole, inclusive bom político. Essa é a primeira vez que Larissa vai disputar uma vaga no Legislativo estadual, apesar de já ter sido eleita seis vezes seguidas a líder da comunidade do Morro da Floresta, que fica em Consolação, Capital. “Essa é minha primeira vez, sim. Já tentei também uma vaga para vereador, mas nunca venci. Se tivesse ganhado, teria colocado mais moral na Câmara”, dispara. "Venho apoiando muito as mulheres porque tenho respeito por elas. Temos que dar uma reviravolta na política”, assinala.

“Vou defender os direitos da igualdade”
Adelson Fernandes Alípio. Dificilmente você vai ouvir falar nesse nome. É seguro que ele será substituído por Hellen Brizzartt (PRP), a transsexual que também vai disputar uma vaga de deputada estadual em outubro. “Eu era somente filiada ao partido e só agora vou disputar uma eleição. Fico feliz que o partido tenha me dado essa oportunidade. Vou continuar defendendo os direitos de igualdade, não só do público LGBT, mas de todos os capixabas”, diz. Hellen carrega no currículo militância a favor das causas da comunidade LGBT no Estado. Até antes de decidir que disputaria as eleições, era presidente da Associação Arco-Íris Espírito-Santense e coordenadora do Fórum Municipal de Cidadania LGBT na Serra. Para a campanha, Hellen promete trabalhar com ética.

Luiz Paulo visitou 17 cidades em uma única semana
Desde o último domingo, o candidato ao governo Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) visitou nada menos que 17 municípios do interior do Estado. Em apenas um dia – segunda-feira passada –, o tucano cumpriu agenda exclusivamente em Vitória.

Problemas de infraestrutura, escassez estrutural e serviços públicos deficientes têm sido, de acordo com Luiz Paulo, as realidades mais constatadas nessa incursão pelo Estado. “O poder público, algumas vezes, está muito distante dessas pessoas”, disse.

O candidato voltou a comentar a questão agrária capixaba. Para Luiz Paulo, o modelo de agricultura de subsistência não atende às necessidades da população que, muitas vezes, vive em situação de pobreza. “Esse modelo é de baixa rentabilidade. As pessoas vivem com dificuldade, mas poderiam viver muito melhor, desde que se incentivasse a criação de associações”, ponderou o candidato.

Demandas
Durante esta semana, Luiz Paulo diz ter ouvido do eleitorado basicamente os mesmos pedidos. “Investimentos nas estradas, Saúde e Segurança. Essas três reclamações vêm fracionadas. O deslocamento dos pacientes para serviços médicos é uma queixa muito comum”.

Sem qualquer menção de crítica à gestão do governador Paulo Hartung (PMDB), o tucano destacou que, nos municípios do Norte, tem ouvido mais demandas de Segurança, enquanto no Sul, os pedidos mais frequentes são por serviços ligados à Saúde. (Eduardo Fachetti)

Casagrande destaca que já foi engraxate e verdureiro
“Eu estudava de manhã e trabalhava à tarde no mercado; engraxava sapatos”. O relato do candidato ao governo Renato Casagrande (PSB) está em um vídeo postado ontem no site de campanha, onde, dentro de um carro, o socialista relembra sua trajetória pessoal e política.

Natural de Castelo, no Sul do Estado, Casagrande morou até os dez anos na zona rural, no distrito de Povoação. Aos 10 anos, se mudou para a cidade para concluir os estudos.
“Meu pai tinha uma quitanda no mercado de verduras e frutas. Eu trabalhei com ele do quinto ano (do ensino fundamental) ao segundo ano científico (atual ensino médio). Ajudava meu pai e tinha meu caixote para engraxar sapatos”, afirmou Casagrande, que disse não se recordar quanto cobrava, na época, para engraxar um par de sapatos.

Vídeos para internautas
Ontem, o senador também lançou, em sua plataforma de campanha na internet, o canal “Casagrande Responde”. Segundo o candidato, este será mais um mecanismo de interação com os eleitores, por meio do qual ele responderá, em vídeos, a perguntas feitas por internautas.

“Estamos recebendo diversas perguntas já pelo Twitter. Algumas pessoas que quiserem podem até mesmo gravar a pergunta e nos mandar”, explicou Casagrande.

O candidato disse estar disposto a responder todo tipo de questão, mesmo as de caráter pessoal, “desde que não exponha ninguém”. Casagrande prometeu respostas aos eleitores no prazo máximo de uma semana. (Eduardo Fachetti) - A Gazeta

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