terça-feira, 24 de julho de 2012

Erupção não provocou a extinção dos Neandertais, diz pesquisa


Avanço de 'Homo sapiens' na Europa Central expulsou Neandertais

Erupção vulcânica apontada como uma das causas da extinção desses hominídeos ocorreu muito após o desaparecimento deles da Europa Central

Pesquisadores retiraram amostras de cinzas vulcânicas em cavernas habitadas por neandertais, na imagem, reprodução de família Neandertal em exposição de museu croata (Nikola Solic/Reuters)

O desaparecimento dos Neandertais há cerca de 30 mil anos é tema de constante debate entre os arqueólogos de todo o mundo. As opiniões divergem entre as mudanças climáticas causadas por uma grande erupção vulcânica, a competição com os Homo sapiens, ancestrais do homem moderno, e a combinação desses dois fatores.

Um estudo publicado no periódico científico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) desta semana reforça a tese de que os Neandertais, primos do homem moderno, desapareceram por influência da competição com o Homo Sapiens – ao menos na Europa Central. Esses ancestrais do homem moderno entraram no continente pela África, e possivelmente, pelo Oriente Médio, em uma ocupação que levou milhares de anos para ser concluída.

Um time de 40 pesquisadores da Europa, liderados pelo geógrafo John Lowe, da Universidade Royal Holloway, na Inglaterra, focou esforços na análise microscópica das cinzas vulcânicas que assolaram a Europa em uma erupção há 40 mil anos. Se as cinzas vulcânicas mostrassem que os Neandertais viviam na Europa Central quando houve a erupção, então a teoria sobre a influência deste fator na extinção ganharia força.

Mas se, ao contrário, as cinzas demonstrassem que não havia mais vestígios de Neandertal naquela região na época da catástrofe, então a tese da competição com o Homo sapiens seria reforçada, porque indicaria que os Neandertais já teriam batido em retirada muito antes de as cinzas dominarem a atmosfera da Europa, derrubando a temperatura em 2ºC por três anos.

Os resultados das análises mostraram que os Neandertais não habitavam a Europa Central quando houve a grande erupção vulcânica, prevalecendo a versão -- nada amistosa -- da competição com os Homo sapiens.

A tese reforça outra já divulgada no ano passado por cientistas da Universidade de Cambridge, da Inglaterra. Eles divulgaram na revista Science uma pesquisa que mostrava que a competição entre Homo sapiens e Neandertais teve impacto na extinção deste último no Leste Europeu. Agora a tese ganha reforço.

Cinzas vulcânicas - Os pesquisadores coletaram amostras microscópicas de cinzas vulcânicas em quatro cavernas da Europa Central, onde ferramentas de pedra e outros artefatos típicos de Neandertais e de Homo sapiens foram encontrados. 

Eles também reuniram partículas de cinzas de um local da Líbia e de pântanos e mares da Grécia e do Mar Egeu.

Os resultados são incompatíveis com a hipótese de que a cinza foi responsável pela extinção dos Neandertais, ao menos na Europa Central. Os vestígios de ocupação daquela área pelos Neandertais começaram a diminuir muito antes da erupção e das mudanças climáticas extremas. Isso sugere que os Homo sapiens já tinham se estabelecido naquela área quando ocorreu a erupção.

Refúgio Ibérico – No entanto, os autores afirmam que a pesquisa diz respeito apenas à Europa Central e, provavelmente, ao Leste Europeu. Eles descartam que a conclusão possa ser estendida ao Oeste da Europa, já que os dados daquele local não foram analisados.
Alguns pesquisadores garantem que os Neandertais se mantiveram na região onde hoje fica Portugal e a Espanha há até 35 mil anos. "Não podemos descartar que os Neandertais sobreviveram em refúgios como na península Ibérica", disse Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres e co-autor da pesquisa. (Veja)


Estudo diz que Homo sapiens foi principal responsável pelo fim do neandertal

Em Washington

O Homo sapiens, o humano moderno, contribuiu mais para o desaparecimento de seus primos, os neandertais, do que os desastres naturais na Europa, segundo um estudo publicado na última segunda-feira (23) nos Estados Unidos.

A saída dos humanos modernos da África para a Europa foi uma ameaça maior para as populações nativas de neandertais do que a maior erupção vulcânica de todo o continente europeu ocorrida há 40.000 anos, segundo o estudo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências americana (PNAS, na sigla em inglês).

O geógrafo John Lowe, da Universidade Royal Holloway de Londres, analisou os depósitos de cinzas vulcânicas invisíveis a olho nu coletados no Mar Egeu, na Líbia e em quatro cavernas da Europa.

Estas cinzas provinham de uma enorme erupção vulcânica maciça conhecida como Campanian Ignimbrite, cujos restos cobriram uma área de 30.000 km2 no Mediterrâneo. Os cientistas usaram estas cinzas para sincronizar os eventos arqueológicos e os dados pré-históricos do clima.

Os restos de neandertais e outras amostras de sua existência começaram a declinar muito antes da erupção e os períodos de mudanças climáticas extremas, concluíram os cientistas.

Os índices nestas partículas de cinzas sugerem que os humanos modernos já tinham se estabelecido em uma zona ampla e diversa do leste europeu e do norte da África quando ocorreu a erupção.

Apesar de que pequenos grupos de neandertais, muito nômades, pudessem ter sobrevivido inicialmente, este primo dos humanos modernos teria finalmente sido extinto por estes.

Estas cinzas vulcânicas mostram que a Europa sofreu uma mudança climática abrupta entre 30.000 e 40.000 anos atrás, quando os neandertais tinham desaparecido em grande parte.

Esta pesquisa questiona as teorias existentes até agora de que as mudanças climáticas provocadas por erupções vulcânicas maciças na Europa teriam causado a extinção dos neandertais, abrindo o caminho para o desenvolvimento dos humanos modernos na Europa e na Ásia.
[noticias.uol.com.br/]

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