segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HPV está ligado a 30% dos casos de câncer na cabeça e pescoço no Icesp

HPV está ligado a 30% dos casos de câncer na cabeça e pescoço no Icesp
Vírus conhecido por afetar o colo do útero também afeta outras áreas.
Hábito de fumar aumenta ainda mais as chances de surgimento de tumores.


Um estudo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostrou que 30% dos pacientes tratados no local após terem desenvolvido câncer na cabeça ou no pescoço contraíram a doença por causa do vírus do papiloma humano (HPV).

Novo atlas orienta médicos sobre doenças sexualmente transmissíveis

A maior parte (70%) dos pacientes afetados na pesquisa eram mulheres, com idades entre 40 e 50 anos. Por ano, o Icesp Atende 1,2 mil casos de câncer em áreas da cabeça como língua, céu da boca, faringe, laringe, bochecha e traqueia.

Os tumores ligados ao HPV são normalmente menos agressivos e respondem bem ao tratamento. Mas o vírus pode ser evitado com o uso de camisinhas durante o sexo. Segundo o médico Marco Aurélio Kulcsar, a maioria dos pacientes descobre a doença quando ela já está em uma fase avançada.

A ação do HPV para cânceres na cabeça e no pescoço é piorada caso o paciente tenha o hábito de fumar.

Alguns sinais de câncer nessas regiões do corpo são manchas brancas na boca, dor, feridas com sangramento e que demoram para cicatrizar, "caroços" no pescoço que não somem após duas semanas e até mudanças na voz e dificuldade para engolir alimentos. [ G1, em São Paulo]



Pesquisa com 1.159 homens registra HPV em metade dos participantes
Estudo foi feito em três países ao longo de mais de dois anos.
Vírus é sexualmente transmissível e pode causar câncer.

Um estudo feito com homens brasileiros, mexicanos e norte-americanos encontrou o vírus do papiloma humano (HPV, na sigla em inglês) em metade dos participantes. O vírus é sexualmente transmissível e pode causar desde infecções e verrugas na genitália até cânceres. O artigo teve como principal autora a Dra. Anna Giuliano, do Centro de Câncer H Lee Moffitt, em Tampa, nos EUA, e foi publicado pelo "Lancet".

A pesquisa acompanhou 1.159 homens com entre 18 e 70 anos (a idade média foi de 32 anos), por um período de entre 18 e 31 meses. Dentre eles, havia heterossexuais, bissexuais, homossexuais e homens que afirmaram não ter feito sexo. Nenhum deles era HIV positivo, nem tinha registro prévio de verrugas penianas ou anais, nem estava sentindo ardor ao urinar.

Ao longo do período em que foram acompanhados, os participantes fizeram exames semestrais, com coleta de material. A coleta é simples: um objeto semelhante a um cotonete é esfregado no pênis e na bolsa escrotal e as células retiradas vão para análise laboratorial. Nestes exames, 584 (50%) apresentaram infecção por HPV em algum momento.

“A gente deve sim mencionar a transmissão, mas não deve menosprezar a carga de doenças que o homem tem com essas infecções”"
Dra. Luisa Villa

Perigo também para as mulheres
Tradicionalmente, a medicina dedica maior atenção ao HPV nas mulheres. Entre elas, é mais comum o desenvolvimento de doenças mais graves, como displasias (anomalias) e câncer no colo de útero. Segundo a Dra. Luisa Villa, a ocorrência entre elas é de 10 a 20 vezes maior que entre os homens. Villa foi responsável pela parte brasileira da pesquisa, no Instituto Ludwig de Pesquisas Contra o Câncer, e coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do HPV, sediado da Santa Casa de Misericódia de São Paulo.

A grande incidência do HPV entre os homens naturalmente afeta as mulheres, uma vez que o vírus é sexualmente transmissível. “A gente deve sim mencionar a transmissão, mas não deve menosprezar a carga de doenças que o homem tem com essas infecções”, disse a pesquisadora ao G1.

“Câncer de ânus tem tido um impacto muito elevado e está aumentando em incidência em mulheres e em homens, alguns heterossexuais, inclusive. Esses cânceres de canal anal são causados por HPV, uma boa parte deles”, ressaltou Villa.

É importante destacar que apenas a camisinha não é suficiente para garantir que o HPV seja transmitido. Afinal, o vírus não está presente apenas no sêmen. “Existe HPV nas superfícies, seja de pele (cútis), seja de mucosa, e aí é muito complicado encontrar uma forma de evitar totalmente o contato, a menos que você faça abstinência total. Não só penetração, qualquer contato”, destacou a cientista.


Tem cura?
Há diversos tipos de HPV. A principal diferenciação que se faz é em relação ao risco oncogênico, ou seja, a possibilidade de que este vírus leve a um câncer. Quando ele é de baixo risco, muitas vezes o próprio sistema imunológico do corpo humano consegue acabar com a infecção e eliminar o vírus. Dentre os casos registrados pela pesquisa, os participantes se livraram dele depois de um tempo médio de sete meses e meio.

Não existe tratamento capaz de matar o vírus, uma vez que ele se manifesta. O que se pode fazer é tratar as doenças que ele causa. No caso de uma verruga, por exemplo, pode-se removê-la cirurgicamente, mas é possível que o HPV continue presente mesmo depois da intervenção.

O que há, sim, desde 2006, é uma vacina que previne contra as infecções causadas pelo vírus. No Brasil, ela é aplicada somente em mulheres com entre nove e 26 anos. “A vacinação de homens contra o HPV protegerá não só a eles, mas terá também implicações para os(as) parceiros(as) sexuais”, comentou Joseph Monsonego, do Instituto do Colo do Útero, em Paris, na França.


Tadeu Meniconi
Do G1, em São Paulo


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