A depressão é a doença que mais causa incapacidade no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas, de acordo com uma pesquisa publicada no jornal da Associação Americana de Psicologia, ela tem efeitos colaterais positivos. A conclusão é um tanto inesperada para uma doença caracterizada por tristeza, apatia, angústia e, em alguns casos, tentativas de suicídio. Será que pode haver algum benefício no meio de tanto sofrimento?
Os pesquisadores envolvidos no achado garantem que sim. O estudo foi feito por cientistas de diferentes universidades nos Estados Unidos, Suíça e Alemanha, entre elas a conceituada Universidade Stanford, nos EUA. Os pesquisadores submeteram os voluntários a um joguinho que envolvia tomar decisões. E eles perceberam que as pessoas com tendências depressivas optavam pelas melhores decisões – aquelas que custavam menos (fosse o custo de esforço ou dinheiro) e rendiam os melhores resultados. A explicação para o comportamento é que as pessoas mais depressivas analisavam com mais cuidado o contexto e eram mais persistentes.
O resultado do estudo seria a primeira evidência científica de que a depressão pode trazer aspectos positivos. Mas deve ser encarado com algum cuidado. Primeiro, porque os supostos benefícios são supostos, sim! A pesquisa precisa ser replicada com outras pessoas, em outros estudos, para que o grau de certeza a respeito dos resultados seja mais confiável. Em segundo lugar, será que os supostos benefícios trazidos pela doença compensam todas as desvantagens associadas à tristeza? Nos casos mais graves, a pessoa não consegue trabalhar, cuidar da família, se divertir. A vida se torna sem brilho, é uma vida entre aspas. Como é possível ver algum efeito positivo em uma doença como essa? As mulheres são as mais afetadas. Estima-se que elas tenham duas vezes mais chances de desenvolver depressão do que os homens, provavelmente por causa das variações hormonais a que elas estão expostas.
Portanto, quem tem sintomas da doença (ou de qualquer outro distúrbio que atrapalhe o seu dia a dia) deve deixar a vergonha de lado e procurar um especialista, um psicólogo ou um psiquiatra (ou ambos!), que poderá fazer o diagnóstico e indicar as melhores formas de tratamento. Assim, em vez de ver um só aspecto positivo na vida, você poderá ver todos que estão a sua volta. A vida é para ser vivida sem aspas (e sem efeitos colaterais!).
Revista Época
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