O estudante australiano Richard Gale, de 13 anos, disse que foi provocado primeiro pelo colega Casey Heynes no episódio de bullying que foi filmado e postado na internet. O vídeo da briga mostra Heynes, de 15 anos, recebendo um soco de Richard e, em seguida, revidando à provocação e atirando o colega com toda a força no chão. Richard teve ferimentos leves.
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Richard Gale, em entrevista à TV australiana |
“Ele me provocou primeiro", diz Richard, que é menor e aparentemente bem mais frágil em relação ao colega que ele provocou. “Casey me chamava de ‘idiota da classe’. Eu estava muito bravo e só queria bater nele”, disse o garoto. Segundo Richard, o vídeo de 47 segundos postado na internet não mostra a parte em que Casey o provoca. “Ele me empurrou e saiu correndo.”
Durante a entrevista, Richard chega a chorar, mas não mostrar estar muito arrependido em ter provocado o colega de escola que é bem maior do que ele. O menino revelou que também foi vítima de bullying na escola primária. “Não vale a pena praticar o bullying porque você pode acabar se machucando.”
Os pais de Richard também participaram da reportagem exibida na emissora australiana. O pai, Peter Gale, disse que o aconteceu foi “inacreditável.” “Está sendo muito difícil. Tento fazer a coisa certa para ele e ensinar as coisas certas.” Ele disse que a atitude de Richard está fora do caráter de seu filho. Apesar de não tolerar as suas ações, ele acredita que há algo a mais nesta história do que aparenta, e se preocupa por seu filho se tornar o alvo de muitas críticas. “Não foi só o Richard, mas o Casey também. Os dois.”
A mãe, Tina Gale, pediu desculpas públicas à família de Casey. "Fiquei chocada ao ver meu filho agredindo o outro menino, e mais chocada ainda ao vê-lo ser jogado no chão. Meu filho podia ter ficado paraplégico."
Vítima do bullying, Casey deu entrevista para o programa "A Current Affair", do Channel Nine, e conta que é vítima de ofensas e agressões dos colegas há mais de três anos. "Me chamavam de gordo e davam tapas na minha nuca", conta o adolescente na entrevista.
No momento mais dramático da entrevista, Casey Heynes diz que pensou em suicídio por conta do bullying. Falando sobre o vídeo popular, ele diz que pensou nos três anos de ofensas e na raiva acumulada, e decidiu se defender como pôde. As informações são do G1.
Cenas de bullying chocam, mas problema está mais próximo do que se imagina
Quando conhecemos Richard Gale não sabíamos o seu nome ou muito menos torcíamos por ele. Magro, cheio de energia e entusiasmado com a ideia de atingir um amigo, mais gordinho, no rosto (para a diversão dos colegas, que gravavam tudo com um celular), ele ganhou uma fama infeliz: ′bully`. O termo, em inglês, vem de bullying, que são perseguições e provocações constantes contra uma mesma pessoa, que, muitas vezes, acaba desenvolvendo traumas psicológicos, em especial quando se trata de jovens. A vítima em questão foi Casey Haynes, um jovem australiano de 16 anos, que virou ídolo de milhões de vítimas desse tipo de ato depois que reagiu, ainda que por meio da violência, a atirar o seu colega ao chão. Ambos os jovens falara sobre o assunto, pela primeira vez, em redes nacionais de televisão da Austrália na noite desta segunda-feira (21), com discursos de jovens problemáticos que poderiam facilmente ser traduzidos em seu vizinho, colega de escola ou mesmo filho, mesmo estando do outro lado do mundo.
Após ficar sozinho, depois de ser abandonado por oito amigos por ser gordo, Casey passou a ser perseguido na escola. Durante três anos relevou tudo que lhe era passado, até a semana passada. "Eu estourei. O joguei no chão com força. Não pensei em nada, apenas me defendi. Não me arrependo", afirmou em alguns trechos da entrevista ao programa australiano `A Current Affair`. No ponto alto da entrevista, o garoto loiro, de pouca expressão, diz que seu ponto mais baixo foi ter sido vendado e amarrado, com fitas adesivas, em um poste. "Pensei em suicídio. Não aguentava mais", revelou. No programa Today Tonight o responsável pelo seu tormento, Richard, chorava ao ouvir a mãe dizer que ninguém deveria se machucar mais com a história. "Ele me bateu primeiro. Também foi vítima de bullying, sei como é ruim", declarou, antes de se confundir se estava ou não arrependido da perseguição.
Segundo a tutora nacional de segurança pública, comissária Claudeny Espinelli, esse tipo de comportamento é mais comum do que se pode imaginar em escolas de todo o país. "É natural, e muito. Eles sofrem a perseguição e se escondem atrás desse lado mais `maléfico`, passando `para o outro lado`. É mais fácil. Ele não sabe a quem procurar, como se defender ou como fazer com que aquilo pare, então ele se lança a fazer outra criança sofrer", explica. Integrante do Núcleo de Prevenção Social à Violência, da Gerência de Proteção à Criança e ao Adolescente (GPCA), ela afirma que a implicância característica desse tipo de ação sempre existiu, "desde antes de Cristo", como classifica, a diferença, no entanto, são os efeitos cada vez mais devastadores desse tipo de discriminação, em tempos sociais em que as pessoas se conectam com o mundo inteiro, mas se encontram cada vez mais sozinhas. "Às vezes uma brincadeira, que na visão deles pode ser vista como comum, pode representar algo muito mais grave e causar danos às crianças. É preciso apostar na postura de pais e, em especial, de professores, que devem estar preparados para não bater de frente, não gritar, falar sempre com respeito e evitar conflitos. Muitos não levam a questão a sério e `empurram` o caso com a barriga", garante.
É na escola que esse tipo de violência se apresenta como mais comum. Em setembro do ano passado, uma situação bem semelhante à de Casey foi gravada em uma escola particular do bairro do Ibura, no Recife, e postado no YouTube. O cenário, com crianças gritando e hostilizando um colega em frente à lente de um aparelho celular, se repete, mas no caso, em vez de agressões físicas, havia questões morais envolvidas, obrigando o jovem I.P.S., de 12 ans, a engolir um refrigerante que supostamente havia sido cuspido. A trangressão encontra na internet o ambiente ideal para se propagar rapidamente, sob o preceito da impunidade, inspirada pelo anonimato virtual. Após denúncia do Diario, o vídeo foi retirado da página de vídeos, excluindo o conteúdo flagrante de abusos, mas não seus efeitos sob a criança. "Algumas provocações continuaram, mas no final do ano, o principal autor das `brincadeiras` se desculpou com meu filho e ele aceitou. Mesmo assim, pediu para sair da escola. Agora é que ele está começando a se enturmar, mas nos dois primeiros meses de aula no novo ambiente, ele ficou retraído, não conseguia se enturmar. Fui até chamada na direção por isso", disse. Até hoje, o inquérito aberto na GPCA continua em aberto.
Para defender as crianças desse tipo de violência, é preciso prevenir com informações e não hesitar na hora da denúncia. O Núcleo de Prevenção Social à Violência (Nuprev), da GPCA, oferece, diariamente, uma média de quatro palestras sobre bullying, atualmente o assunto mais procurado por escolas e empresas, ao lado de casos de violência contra a mulher. Além de instruir sobre a conduta ideal, a iniciativa também discute a postura que deve ser adotada pelos adultos e identifica os erros mais comuns que podem originar uma perseguição. Para solicitar uma palestra, basta entrar em contato com o Nuprev, pelo telefone 3184-3583, agendar a visita e, então, encaminhar ofício à Polícia Civil.
De acordo com o procurador José Lopes Filho, estudioso de crimes na internet do Ministério Público de Pernambuco, no campo da denúncia, quando o problema é registrado no campo físico, é possível denunciar por meio de uma unidade da GPCA, abrindo um inquérito simples. Para entrar em contato, as informações podem ser repassadas pelo telefone 3184-3579. Se o crime envolve a internet, o caso é mais complicado, mas o estado se faz valer de um acordo de cooperação mantido por Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo com a Google, que permite tanto a retirada de materias postados na web do ar, quanto a identificação dos autores da postagem. A ouvidoria do MPPE também funciona com a coleta deste tipo de informação, por meio do telefone 3182-7000, mas o procurador afirma que o melhor, realmente, é investir no diálogo e na educação dos pequenos. "É importante até mesmo por questões de orientação, uma vez que o bullying provoca prejuízos graves, especialmente quando se está em formação de personalidade", finaliza.
Por Ed Wanderley
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