sábado, 23 de março de 2013

Por que nem todos os primatas evoluíram para seres humanos?

Os seres humanos não evoluíram de macacos, gorilas e chimpanzés. Somos todos espécies modernas que seguiram caminhos evolutivos diferentes, embora os seres humanos partilham um ancestral comum com alguns primatas, como o macaco Africano.

O cronograma da evolução humana é longo e controverso, com lacunas significativas. Especialistas não concordam em muitos dos pontos de início e fim de várias espécies. Então este gráfico envolve estimativas.

Dizer que somos mais “evoluídos” que nossos primos peludos é um erro do ponto de vista biológico – experimente ver quanto tempo você dura pelado no coração do Congo sem sequer uma faca, e então volte para dizer quem é que está em vantagem evolutiva. Nesse e em muitos outros casos, a evolução não “conduz” os outros símios a se tornarem mais humanos. Portanto, é um erro pensar que somos o ápice da evolução, ou o objetivo da evolução dos outros animais. Os macacos, orangotangos e outros primatas não foram extintos pela mesma razão que todo o resto da vida no planeta: são adaptados a seus respectivos ambientes.

Pensar que uma espécie evolui para sobreviver é colocar a carroça na frente dos bois. As mutações genéticas acontecem o tempo todo, sem alarde e muitas vezes sem qualquer mudança mensurável no estilo de vida do organismo. Em geral, as mutações mais prováveis ​​de serem passados ​​para as gerações futuras são aqueles que se mostrar úteis para o indivíduo ou à sobrevivência das espécies.

A "utilidade" de uma mutação depende em grande parte deslocando fatores ambientais como os de alimentos, predadores e clima, e também sobre as pressões sociais. A evolução é uma questão de preencher nichos ecológicos e sociais. Macacos africanos ainda estão por aí porque o ambiente tem incentivado o sucesso reprodutivo dos indivíduos com material genético diferente do nossa.

A evolução é um processo contínuo, um processo de tentativa e erro em que todos os primatas modernos são ainda uma parte.


Macaco evoluiu mais que humano, diz estudo
DNA de chimpanzé indica que símio enfrentou mais seleção natural que o homem.
Número de proteínas alteradas é 50% maior nos bichos, de acordo com análise.


Os cientistas acabam de desferir um novo golpe contra o orgulho da espécie humana, que já não andava mesmo muito bem das pernas. Uma comparação genética abrangente entre o DNA do Homo sapiens e o dos chimpanzés (Pan troglodytes) sugere que quem evoluiu mais nos últimos milhões de anos foram eles, e não nós.

É bom esclarecer desde que o começo que a avaliação se refere a transformações no material genético de ambas as espécies -- não tem nenhuma ligação com aspectos morais ou sociais que as pessoas às vezes associam à idéia de evolução. Mesmo assim, a maioria dos cientistas considera que uma coisa é diretamente relevante para explicar a outra. Afinal, chimpanzés não falam nem constroem naves espaciais. Acreditava-se que esse abismo entre nós e eles poderia ser explicado por um conjunto de genes que se transformou rapidamente nos humanos -- evoluiu, portanto -- desde que nos separamos do ancestral comum que nos unia aos chimpanzés há cerca de 6 milhões de anos.

A história parecia fazer todo o sentido; afinal, entre todos os grandes macacos (que incluem, além de humanos e chimpanzés, os gorilas e os orangotangos), o homem é o que mais parece ter mudado ao longo do tempo. Mas, parafraseando Garrincha, faltou combinar isso com os macacos. É o que indica a análise feita por Margaret Bakewell, Peng Shi e Jianzhi Zhang, da Universidade de Michigan em Ann Arbor (EUA), na última edição da revista científica "PNAS". O cálculo do trio indica que a evolução dos chimpanzés foi cerca de 50% mais veloz que a humana nesses 6 milhões de anos.

Mudanças para valer
Para chegar a esse número, os pesquisadores fizeram basicamente um trabalho comparativo: puseram lado o genoma de humanos, chimpanzés e macacos resos, parentes relativamente próximos dos grandes macacos que teriam se separado da nossa linhagem há 25 milhões de anos.

Por ser um primo nem tão próximo e nem tão distante, o macaco reso é fundamental nessa história, pois funciona como termo de comparação para saber quando, ao longo da evolução, certas mudanças aconteceram na linhagem humana.

Suponha, por exemplo, que uma mutação apareça tanto em humanos quanto em chimpanzés, mas não entre resos: o mais provável, nesse caso, é que ela tenha surgido após a separação da dupla humano-chimpanzé, mas antes que esses dois se separassem. Já uma característica genética compartilhada por resos e humanos, mas não por chimpanzés, provavelmente indica que quem mudou ao longo do tempo foram os chimpanzés (e não humanos e resos independentemente). E tudo isso acaba sugerindo quais são os traços genéticos únicos de cada espécie.

No caso, após esse trabalho comparativo, os pesquisadores examinaram 14 mil genes de cada espécie, em busca de mudanças que poderiam ter sido favoráveis para a sobrevivência delas. Uma das "assinaturas" desse tipo de mudança é o fato de que uma dada alteração num trecho de DNA se reflita também numa alteração da proteína cuja receita está contida naquele gene. Isso é importante porque os genes não "fazem" nada no organismo: eles apenas contêm as instruções para a produção das proteínas, essas sim as verdadeiras responsáveis por fazer a coisa andar. Assim, se a proteína mudou (algumas alterações genéticas podem deixá-la inalterada), é sinal de aquele gene está sob impacto da seleção natural, o principal motor da evolução.

E foi olhando para essas alterações que o trio de pesquisadores identificou 154 genes humanos que estavam sob pressão positiva da seleção natural (ou seja, estavam mudando como resultado de sua importância para a sobrevivência), enquanto 233 genes de chimpanzés passavam pela mesma situação. E o curioso é que são genes aparentemente "discretos" -- ligados a fatores sutis, como o metabolismo das células.

No caso dos genes altamente "evoluídos" entre humanos, não aparece haver nenhum particularmente ligado ao nosso cérebro avantajado. Portanto, o mistério a respeito das mudanças genéticas que nos tornaram verdadeiramente humanos continua.
g1.globo.com

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