Três prédios no Centro do Rio desabaram por volta das 20h30 de ontem, próximo ao Theatro Municipal. Um deles, o Edifício Liberdade, é localizado na Avenida Treze de Maio e tinha 17 andares. Já a outra construção - o Edifício Colombo, de 11 andares - fica localizada na Rua Manoel de Carvalho. Já o prefeito Eduardo Paes informou que os prédios tinham 20 e 10 andares, respectivamente. Até a meia-noite de ontem, as informações eram desencontradas. De acordo com fontes da Defesa Civil, dois corpos já haviam sido encontrados no local. Segundo estimativas, havia 11 vítimas nos escombros, entre mortos e feridos. O acidente atingiu uma grande área, inclusive carros e motos.
As primeiras informações apontavam para uma explosão, devido ao forte cheiro de gás. A Light cortou a energia da região. No entanto, o prefeito Eduardo Paes deu outra explicação. "Aparentemente não foi uma explosão, o desabamento aconteceu por um dano estrutural no prédio. Acredito que não tenha sido vazamento de gás", disse.
Ele informou que cinco pessoas foram resgatadas com vida dos escombros e foram levadas para o Hospital Souza Aguiar. Seriam três homens (dois de 37 anos e um de 50) e uma mulher de 28 anos. Não havia descrição da quinta vítima. O quadro mais grave era o da mulher, que teve lesão no couro cabeludo e vai ter que passar por cirurgia.
Incêndio
No Edifício Liberdade, funcionavam escritórios e, no térreo, uma agência do Banco Itaú e uma loja da empresa Mundo Verde. Houve um princípio de incêndio do prédio cuja maior parte da estrutura desabou. O fogo ameaçou o edifício vizinho, Capital, na esquina com a Rua Almirante Barroso. Segundo o Corpo de Bombeiros, o prédio apresenta rachaduras. Havia pessoas nos imóveis, e elas acenavam para os bombeiros. Mas as escadas do Edifício Capital teriam sido obstruídas pelos escombros.
Por telefone, um homem identificado como Crisóstomo disse que cerca de 30 alunos de uma pós-graduação aguardavam resgate do Corpo de Bombeiros. O grupo estaria no 21º andar de um edifício ao lado do prédio que desabou no Centro do Rio de Janeiro. "Estava na aula, o prédio começou a tremer e apagou a luz. Tentamos descer pela escada de incêndio. Do décimo andar para baixo, está tudo ocupado com escombros", contou.
A testemunha disse que, pela janela, conseguia ver o prédio que desabou e afirmou que estrutura estava completamente comprometida. "Não parece um desabamento só parcial", garantiu. Por segurança e para facilitar as viaturas usadas na operação, vias foram interditadas. As estações de metrô da Presidente Vargas, Uruguaiana, Carioca e Cinelândia foram fechadas.
Voluntários e testemunhas
O clima no entorno dos prédios era de muita comoção. Parentes de pessoas que estavam na região souberam do acidente e foram ao local para buscar notícias. Também surgiram voluntários, entre eles o anestesista José Antônio Diniz, que mora na Glória, e assim que viu pela TV o acidente se dirigiu ao local.
O prefeito Eduardo Paes chegou ao lugar da tragédia e circulou pelos escombros, avaliando a situação junto a bombeiros e agentes da Defesa Civil. Dois fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) também foram ao local para buscar as primeiras informações sobre as causas do desabamento.
Escombros atingiram a bilheteria do Theatro Municipal, mas nenhum funcionário foi atingido. Em nota oficial, a administração do teatro informou que o desabamento não causou prejuízos ao prédio, nem danos estruturais.
Chance de encontrar sobrevivente em escombros é pequena, diz coronel
O secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou, no início da madrugada desta quinta-feira (26), que é pequena a chance de encontrar um sobrevivente entre os escombros do desabamento que levou abaixo dois prédios e um sobrado na Avenida Treze de Maio, no Centro do Rio.
“A gente tem a esperança que tenha se formado um bolsão de ar e que a gente possa encontrar sobrevivente, mas essa possibilidade lamentavelmente é pequena”, disse ele.
Segundo Simões, familiares que trabalhavam nos dois edifícios e no sobrado que desabaram relataram a existência de desaparecidos, no entanto, ainda não foi possível estimar o número de pessoas que possam estar entre os escombros.
Por causa da demolição dos prédios, outros dois edifícios foram interditados. Um fica na Rua Manuel de Carvalho, que funciona como um anexo ao Theatro Municipal, e o outro fica na esquina com a Avenida Chile.
O secretário disse também que houve um incêndio por conta de um vazamento de uma tubulação de gás de um dos edifícios. A CEG foi acionada e cortou o fornecimento de gás no trecho.
Uma pericia técnica será realizada para identificar as causas do desabamento.
Obras
Uma moradora de um prédio vizinho relatou que três andares de um dos prédios que desabaram passavam por reforma. "De repente, ouvimos um grande barulho e começou a voar tudo", contou a argentina Devora Galavardo, que mora há seis meses em frente aos edifícios.
O advogado Luiz Antônio Jean Trajan, que trabalha em frente ao edifício comercial que desabou, disse que se lembrou do ataque terrorista ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. "Havia uma obra no prédio, acho que no sexto andar. Pelo menos dois funcionários estavam trabalhando na hora da tragédia", afirmou Trajan, que disse que não ter sentido cheiro de gás em qualquer momento.
Alexandre Trotta, que trabalha numa empresa de informática que funciona no quinto andar do Edifício Capital, vizinho ao que desabou, ouviu um pequeno barulho como se fossem detritos caindo. "Depois, foi um grande estrondo, como se o mundo tivesse vindo abaixo. O prédio veio abaixo. Ele caiu para frente e para trás e levou o que estava nas janelas do meu prédio. Desci correndo e só encontrei entulho. A banca de jornal no local foi destruída. Os carros estacionados na Treze de Maio acabaram", explicou.
O contador Heverton Ferreira, que trabalha no prédio, havia saído há cerca de meia hora do local, quando soube por um telefonema que o edifício tinha desabado. Até as 22h, ele não tinha notícias de seu pai, que estava num dos escritórios do edifício. Segundo Heverton, esta semana, porteiros falaram que a CEG faria uma inspeção no subsolo, por conta do forte cheiro de gás. No subsolo do edifício havia uma agência do Itaú.
Vicente da Cruz, que costumava entregar galões d'água num escritório do sétimo andar do edifício, contou que já estava do lado de fora do prédio quando começou a ouvir explosões. "Fui me afastando, me afastando. E de repente o prédio caiu. Tinha cerca de 20 pessoas próximas à marquise. Assim como eu, elas saíram correndo. Por um segundo, eu tinha morrido", contou.
Caso anterior
Há pouco mais de três meses, em 13 de outubro de 2011, o Centro do Rio de Janeiro foi cenário de outra tragédia semelhante. O prédio em que funcionava o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, ruiu depois de uma explosão. No estabelecimento, estocavam-se ilegalmente cilindros de gás. Na ocasião, três pessoas morreram, e 17 ficaram feridas. Um inquérito policial foi aberto para apurar as responsabilidades.
A Gazeta
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