domingo, 23 de outubro de 2011

Crime bárbaro. Homem desenterra corpo de filho assassinado em Vila Velha


Carroceiro desenterra corpo de filho assassinado em Vila Velha

Sem dinheiro para dar um enterro digno ao filho Joab, o pensionista José Ribeiro dos Santos, 45 anos, ainda não procurou o Departamento Médico Legal (DML)

foto: Marcos Fernandez

O pai de Joab, o aposentado José Ribeiro dos Santos

Um crime bárbaro e com requintes de crueldade foi registrado na noite de quinta-feira, em Morada da Barra, Vila Velha. O adolescente Joab de Souza Santos, 16 anos, foi espancado, enforcado e levou um tiro na cabeça. Além disso, ele foi obrigado a cavar a própria cova, como suspeita a polícia. O corpo do jovem só foi encontrado na noite deste sábado (22).

Quem achou a cova e desenterrou o corpo foi o próprio pai da vítima. O assassinato chocou a comunidade e, principalmente, a família que descreveu o rapaz como trabalhador e pacato. Segundo testemunhas, Joab estava fazendo uma descarga de areia, no ponto do final do bairro João Goulart, quando quatro homens armados com pedaços de pau chegaram e começaram a espancá-lo.

Ele foi amarrado pelo pescoço à própria carroça, com um fio de nylon, de aproximadamente três metros de comprimento e arrastado de um bairro ao outro. Isso teria acontecido por volta das 17 horas de quinta.

Uma testemunha viu o momento em que os suspeitos chegaram com Joab, ao local do crime, e ouviu um tiro. Ela avisou à família do carroceiro, que entrou em contato com a polícia. Buscas foram realizadas na região, perto de uma lagoa, mas o corpo de Joab não foi localizado.

Pai e irmã grávida desenterram o corpo

O pai de Joab, o aposentado José Ribeiro dos Santos, 40 anos, desesperado e sem notícias do filho, resolveu, por conta própria, continuar a busca. Ele recebeu a informação do local onde o filho teria sido enterrado. Com ajuda do genro e da filha grávida, ele achou o local e desenterrou o corpo.

De acordo com informações da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, o crime pode ter sido motivado pela extração ilegal de areia que existe na região. Joab trabalhava como carroceiro e transportava a areia retirada de um local conhecido como Lagoa da Pedrinha. O jovem retirava a areia e vendia por um preço inferior ao cobrado por outros extratores, o que estaria desagrandando muita gente.


Sem dinheiro e em busca de ajuda

Sem dinheiro para dar um enterro digno ao filho Joab, o pensionista José Ribeiro dos Santos, 45 anos, ainda não procurou o Departamento Médico Legal (DML) para liberar o corpo que ele mesmo encontrou. "Não tenho como pagar o caixão, vou ter que pedir ajuda, nesta segunda-feira", lamentou. Pedindo força a Deus, José contou como foi a procura por qualquer espaço de terra revirada onde estivesse enterrado  o corpo de seu filho.

Quando soube do desaparecimento do seu filho?
Cheguei em casa quase 18 horas, na quinta-feira, e moradores correram para me contar que viram meu filho com as mãos amarradas, sendo judiado em cima da carroça, por quatro homens. Eles vinheram de Barramares, onde meu filho carregava areia, e passaram por várias ruas de Morada da Barra. Todo mundo viu.

O que o senhor fez?
Eu não posso enfrentar bandido. Esperei o dia clarear e fui atrás do meu filho.

O senhor tinha esperanças de escontrá-lo?
Procurava por um corpo, uma cova rasa. Na sexta-feira, andei o dia inteiro com uma vara, mexendo em qualquer terra e até em poça d?água.

Quando encontrou Joab?
No sábado, levantei cedo e continuei procurando pelos lados do areal, até em uma mata. Por volta das 15 horas, vi um monte de areia removida e rastros de pés em volta.

O que fez em seguida?
Fui em casa, peguei uma pá e chamei meu genro e um colega. Voltei no local e em um metro de profundidade eu achei uma corda, que amarrava meu filho. Depois as costas, os pés... chamei a polícia pois já sabia que era meu filho. Terminei de cavar e desenterrei todo meu filho.

Como vai ser daqui para frente?
Meu filho foi criado aqui, não tinha inimigos, sempre estava disposto a ajudar. Parou de estudar na 4º série e desde então sempre trabalhou e nunca me pediu nada. Era dono de si. Não acredito em toda essa tragédia, foi muita crueldade o que fizeram com ele.
A Gazeta

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