Peritos dos Estados Unidos e do Candá, contratados pela família do boxeador Arturo Gatti, entre eles agentes do FBI aposentados, fizeram uma investigação a pedido da família do atleta e apontaram que o lutador não cometeu suicídio, como disse a Polícia Civil de Pernambuco. Segundo a investigação paralela, ele teria sido vítima de assassinato, em julho de 2009, em um flat na praia de Porto de Galinhas, no litoral sul do estado. O principal indício de que teria havido equívocos na investigação brasileira seria uma revisão da necropsia da vítima, em que os investigadores supostamente teriam encontrado marcas de pancadas na nuca do lutador, o que indicaria que ele foi atingido antes do suposto enforcamento.
O resultado foi anunciado na tarde desta quarta-feira, no Global Boxing Gym, de Nova Jersey, nos Estados Unidos, após 10 meses de investigação. As informações foram reveladas um dia após decisão do juiz Claudine Roy, que validou um processo que decidirá o destino da herança de Arturo Gatti, atualmente disputada pela esposa, a brasileira Amanda Rodrigues, e a família do boxeador. Um dos impasses encontrados pela Justiça, e principal alegação dos familiares, é a existência de dois testamentos, o último deles, assinado poucos meses antes de sua morte, deixando toda a sua fortuna para a esposa, deixando de lado a filha de seu relacionamento anterior, Sofia Bella.
A família do boxeador alega que o lutador não compreendeu os detalhes do documento e que teria sido enganado para redirecionar sua herança. Além disso, afirma que o relacionamento com a brasileira Amanda Rodrigues já vinha conturbado, incluindo um acordo formal, na Justiça, de indenização no valor de 1 milhão de dólares, em caso dela conseguir provar qualquer infidelidade do marido.
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, a insituição não vai se pronunciar sobre o assunto, uma vez que o inquérito já foi concluído e encaminhado e não vai modificar em nada a sua decisão. Ainda segundo a orientação dada pelo chefe da Polícia Civil, Manoel Carneiro, essa contraprova terá que ser apresentada em juízo e caberá à Justiça avaliar e decidir de o inquérito será ou não reaberto.
O advogado pernambucano Eduardo Trindade foi contratado pela família de Arturo Gatti para acompanhar o caso no Recife. Já o advogado Célio Avelino, que defendeu na época a viúva do boxeador, Amanda Karine Barbosa Rodrigues, alegou que ainda não foi notificado oficialmente sobre o fato, mas adiantou que a investigação realizada pelos policiais americanos aposentados não tem competência para anular o trabalho dos policiais pernambucanos, que há dois anos atrás não atestou a culpa da sua cliente. À época do crime, a mulher chegou a ficar presa 18 dias na colônia penal feminina do Recife. "O que eu tenho é uma investigação oficial, que conclui pelo suicídio. Não conheço essa investigação paralela e o que a gente valoriza é a perícia oficial. Não posso emitir juízo de valor sobre essa investigação paralela e não iremos tomar nenhuma medida antecipadamente. Ainda não posso me posicionar", disse Avelino esta manhã.
A mineira, na ocasião com 23 anos, foi inicialmente apontada como principal suspeita de ter assassinado o marido. O alvará de soltura foi assinado pela juíza de Ipojuca, Ildete Veríssimo, depois de receber uma cópia do resultado do inquérito policial. O material, assinado pelo delegado Paulo Alberes, responsável pelo caso, indicava que o ex-boxeador, que tinha 37 anos, cometeu suicídio. Diante da conclusão, o próprio delegado solicitou a soltura imediata de Amanda.
A perícia apresentada pela legista Luciana Maria Borges, do IML, apontou que a morte de Arturo Gatti ocorreu por asfixia mecânica decorrente de enforcamento. Porém, ignorou a causa jurídica. No próprio laudo da perícia tanatoscópica, a médica diz que precisaria de mais informações como, por exemplo, a posição em que Arturo foi encontrado.
A hipótese inicial, que chegou a ser divulgada pela polícia, era de que o ex-bicampeão mundial de boxe teria sido estrangulado com a alça de uma bolsa. O boxeador foi encontrado morto num flat na praia de Porto de Galinhas, na madrugada do dia 11 de julho, onde ele, a mulher e o filho de 10 meses, passavam férias.
Na ocasião, o delegado Josedite Ferreira, responsável pelas primeiras investigações do caso, alegou que a hipótese de crime passional era a mais forte, uma vez que não foram encontrados vestígios da presença de outras pessoas no quarto do casal.
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IRMÃO DE EX-CAMPEÃO MUNDIAL TAMBÉM ACUSA A CUNHADA DE ASSASSINATO
Depois de a irmã do boxeador Arturo Gatti, assassinado no último sábado, ter dito numa entrevista à imprensa canadense que sua morte foi premeditada pela viúva, Amanda Rodrigues, agora foi a vez de o irmão complicar a vida da cunhada, presa como principal suspeita. Fabrizio Gatti prestou depoimento nesta quarta-feira à polícia de Pernambuco e confirmou que Amanda fazia ameaças de morte ao ex-campeão mundial.
Fabrizio veio ao Brasil para levar o corpo do irmão para ser sepultado no Canadá. Após o depoimento, ele reconheceu o corpo do irmão. Em seguida, o cadáver foi embalsamado no munícipio de Paulista, Região Metropolitana de Recife, para depois ser transladado para São Paulo, onde ficará guardado na Clínica Aespe. Segundo a proprietária da clínica, Yara Tamelini, ainda não há prazo para o cadáver seguir ao Canadá.
A Polícia Civil de Ipojuca, responsável pelo inquérito, afirmou que vai fazer a reconstituição do assassinato de Arturo Gatti na próxima semana. “Temos um prazo curto para concluir o inquérito e precisamos adiantar esse processo o mais rápido possível, mas não depende só da gente”, disse o delegado Paulo Alberes.
Confira, na íntegra, nota ofical divulgda no final da manhã pela Polícia Civil:
A Polícia Civil de Pernambuco informa que as supostas contra-provas produzidas por um investigador particular contratado pela própria família do boxeador Arturo Gatti, encontrado morto dia 11 de julho de 2009 em um flat alugado na praia Porto de Galinhas, deverão ser apresentadas em juízo, para que a Autoridade Judiciária local possa avaliar procedente o pedido de revisão do inquérito policial que concluiu por suicídio da vítima. O delegado responsável pelo caso, Paulo Alberes, explica que todas as informações colhidas nas diligências policiais apontam para a conduta de suicídio adotada pelo boxeador. O laudo do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco e as perícias realizadas pelo Instituto de Criminalística no local de crime ratificam o relatório do inquérito policial que decidiu que Arturo Gatti se matou por enforcamento. É importante salientar que foram divulgadas matérias de jornais canadenses sobre o caso, nas quais são relatadas que a autópsia realizada no corpo do boxeador, pelo Laboratório de Ciência Judiciária da cidade de Montreal, no Canadá, confirmam o enforcamento como causa da morte, um dos indícios para o crime de suicídio, mesma conclusão da polícia brasileira
Diario de Pernambuco
O corpo de Arturo Gatti foi encontrado em um hotel, em julho de 2009, em Porto de Galinhas. A viúva afirma que ele se suicidou, mas a família do lutador acredita que ele tenha sido assassinado.
O Fantástico fala de um mistério: o que aconteceu com o campeão mundial de boxe encontrado morto em Pernambuco? A polícia diz que Arturo Gatti se matou, mas a família acusa a viúva brasileira de ter assassinado o marido.
Repórter: Você não matou o seu ex-marido?
Amanda Rodrigues, viúva de Arturo Gatti: Não, de forma nenhuma. Eu fiz tudo para meu marido ficar vivo.
Eduardo Trindade, advogado da família: Amanda matou Arturo Gatti.
Arturo Gatti era canadense, boxeador, duas vezes campeão mundial. Morreu aos 37 anos, em julho de 2009, em Porto de Galinhas (PE).
Repórter: Você tem certeza que ele se suicidou?
Amanda Rodrigues: Tenho, absoluta.
A família de Arturo não acredita na versão da viúva e quer provar que não foi isso que aconteceu. “Não há a menor possibilidade de Arturo Gatti ter se suicidado. Arturo Gatti foi assassinado”, afirma Eduardo Trindade, advogado da família.
Para a polícia, que encerrou a investigação, também não há dúvidas. “Ninguém vai encontrar outra alternativa a não ser o suicídio”, declarou o delegado Paulo Alberes.
O corpo foi encontrado em um apart-hotel, no quarto onde o casal estava hospedado. Amanda Rodrigues dá a sua versão para o que aconteceu na noite anterior à morte do marido: “A gente saiu para jantar. Tomamos uma garrafa de vinho. Na hora de voltar para casa, o Arturo queria parar num bar e eu não quis”.
O casal e o filho, que na época tinha dez meses, jantaram em um restaurante. Mas, de acordo com o depoimento que ela deu à polícia, o casal tomou duas garrafas de vinho, e não uma. Na saída, pararam em um bar para beber cerveja.
A família seguiu a pé. No caminho para o hotel, Arturo e Amanda brigaram. Testemunhas disseram que o lutador bateu na mulher. Amanda contou à polícia que deixou o marido e o filho para trás e tentou se hospedar em dois hotéis diferentes, mas não conseguiu porque estava sem dinheiro. Decidiu voltar para onde estava hospedada com Arturo.
Ainda segundo testemunhas, Arturo teria ido de táxi com o bebê até o hotel e, como não encontrou a mulher, retornou para o centro de Porto de Galinhas. Foi então que Arturo se envolveu em uma briga com na rua. “Tinha gente saindo de uma boate, começaram a jogar pedra nele. Inclusive uma bicicleta foi jogada nele”, disse o delegado Paulo Alberes.
Amanda diz que foi para o hotel sozinha. Arturo chegou logo depois com o filho do casal. Eram 2h. “Ele perguntou para mim: ‘Então quer dizer’. Ele falou em inglês: ‘quer dizer que it's over?’ Tipo assim: acabou? Naquele momento, eu estava com raiva e eu acabei concordando com ele. Eu lembro que já estava com o Junior já no colo e eu subi. Foi a última vez que eu vi meu marido”, conta a viúva.
A equipe de reportagem do Fantástico teve acesso ao quarto onde o casal estava hospedado naquela noite. O apartamento tem sala, cozinha e um banheiro no primeiro piso e três quartos e um banheiro no piso superior.
Amanda disse à polícia que subiu para dormir e que Arturo ficou na sala. Às 9h30, desceu do quarto e viu que algo estava errado. “Foi na hora que eu toquei nele e eu vi que realmente alguma coisa tinha acontecido, alguma coisa não estava certa. Não ouvi nenhum barulho”, disse Amanda.
Segundo o inquérito, Amanda pediu ajuda. O socorro chegou e, depois que a morte foi confirmada, veio a polícia. Amanda foi presa, mas libertada em 18 dias. A polícia concluiu que foi suicídio: Arturo Gatti se enforcou na escada do apartamento com a alça de uma bolsa.
“Eu disse há dois anos, estou dizendo agora e vou dizer daqui a dez ou 20 anos que eu estiver vivo: a moça não matou o marido”, garante o delegado Paulo Alberes.
Nem ela, nem ninguém, afirma o delegado. “Primeiro: as câmeras de segurança não mostram ninguém indo para o apartamento. Segundo: não tinha arrombamento. Terceiro: nós verificamos por fora do apartamento, não tinha marcas de alguém ter subido ou descido nas paredes”, acrescentou o delegado.
Mas no hotel, a equipe de reportagem do Fantástico verificou a existência de uma única câmera na entrada. Existem outros caminhos possíveis para a porta do quarto do apartamento de Arturo Gatti, como a entrada pela praia. Amanda também garante que ninguém mais entrou no quarto. “Ninguém entrou naquele apartamento”, disse.
“Se ela tivesse assassinado ele, ela teria permanecido no hotel? Ela teria pedido socorro? Ela teria esperado a perícia? Não”, acrescenta o delegado Paulo Alberes.
O empresário e a família de Arturo Gatti encomendaram uma investigação particular nos Estados Unidos. A conclusão dos detetives, que inclusive foram ao Brasil, é que o boxeador foi assassinado. “Não houve suicídio de forma alguma”, disse o coordenador da investigação.
“Eu não acredito em nada do que essa investigação fala”, afirma Amanda Rodrigues, viúva de Arturo Gatti.
Os peritos contratados pela família dizem que a posição em que o corpo foi encontrado, a alça que teria sido usada, o peso do corpo e o local da queda evidenciam que Arturo Gatti foi enforcado. Eles apontam inconsistências no inquérito policial. “Por um fato simples: o hotel não tinha sistema de câmera, circuito interno de televisão. Então, não dá para perceber se entrou ou saiu alguém”, destacou Eduardo Trindade, advogado da família.
“As investigações apontam que Amanda Gatti é responsável por esse crime. O que ainda não resta bem claro é se houve ou não ajuda de terceira pessoa”, concluem os peritos.
Por enquanto, só há uma certeza: a disputa pela herança do lutador morto. A família de Arturo Gatti diz que o patrimônio deixado pelo boxeador é de US$ 6 milhões, aproximadamente R$ 10 milhões. Amanda afirma que o total é pouco mais da metade disso.
Os bens em nome de Arturo Gatti, como muitos apartamentos em dois prédios, estão bloqueados. A mãe e os irmãos do boxeador entraram na Justiça local para tentar ter o direito sobre todos os imóveis e todo o dinheiro aplicado em bancos americanos.
A briga nos tribunais do Canadá para definir com que vai ficar a herança deve se estender até o fim de outubro, mas Amanda Rodrigues diz que não abre mão. Ela afirma que quer fazer valer o testamento feito por Arturo Gatti um mês antes da morte. O documento transfere os bens para a própria Amanda e para o filho do casal. Arturo Gatti Junior, hoje com 3 anos, vive com a mãe no Canadá.
“A família do Arturo não aceita o fato de eles não estarem incluídos no testamento. Eles não aceitam o fato dele ter feito um testamento para mulher e para o filho”, diz Amanda Rodrigues, viúva de Arturo Gatti.
A família de Arturo Gatti afirma: o boxeador trocou um testamento anterior que beneficiava pais, irmãos e uma filha de um primeiro casamento por influência de Amanda.
“Três semanas antes de Arturo falecer, o testamento é modificado e ela passa a ser a principal beneficiária. Então, sobre essa questão de dinheiro, se tem alguém que tem motivo para ter interesse no dinheiro, é Amanda”, acusa Eduardo Trindade, advogado da família. “Eu não abro mão do meu direito”, rebate Amanda Rodrigues.
O advogado da família de Arturo Gatti vai apresentar a investigação particular ao Ministério Público, que, por enquanto, prefere não comentar o caso. “Eu acho precipitado qualquer julgamento, qualquer manifestação do Ministério Público sobre um documento que não conhece”, afirmou a promotora de Justiça Paula Ismail.
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