Neis alegou legítima defesa - Reprodução de imagem TV Globo |
Segundo a assessoria, o hospital está sofrendo ameaças por telefone e não pode colocar em risco a vida de outros pacientes, de acordo com o portal Clicrbs.
Neis teve a prisão preventiva decretada na noite desta terça-feira pela Justiça, a pedido do Ministério Público. O delegado Gilberto Montenegro, que investiga o caso, afirmou que Neis será indiciado por tentativa de homicidio duplamente qualificado, por motivo fútil e que não permitiu a defesa das vítimas. O atropelamento ocorreu na noite de sexta-feira. Cerca de 15 pessoas ficaram feridas.
Neis, que é funcionário do Banco Central do Brasil, recebeu voz de prisão no hospital onde se internou ontem, em Porto Alegre. Ele está sob custódia de quatro policiais no Hospital Parque Belém, na Zona Sul de Porto Alegre. Segundo o laudo médico, Ricardo Neis apresenta sintomas de estresse pós-traumático e poderia cometer suicídio.
Os advogados tentam um habeas corpus para evitar que ele seja levado para a prisão ao deixar o hospital. O delegado Gilberto Almeida Montenegro pretende agora encaminhar um pedido ao Judiciário para que o motorista seja transferido ao Instituto Psiquiátrico Forense.
Testemunhas dizem que o motorista ficou irritado porque as bicicletas estariam impedindo a passagem do veículo. Neis, no entanto, durante o depoimento de três horas na Delegacia de Delitos de Trânsito, nesta segunda-feira, disse que agiu em legítima defesa, para garantir sua integridade física e de seu filho, de 15 anos, pois teria sido ameaçado pelos ciclistas.
- Deram vários socos no carro e jogaram bicicletas por cima. Naquela situação, eu só esperava sair de lá o mais rápido possível para evitar um linchamento - disse.
Um motorista que vinha no carro de trás do de Neis contou que também foi ameaçado pelos manifestantes.
O atropelamento ocorreu na sexta-feira, na esquina das ruas José do Patrocínio e Luiz Afonso, em Porto Alegre. Nove pessoas foram levadas ao Hospital de Pronto Socorro da cidade. Todas foram liberadas sem ferimentos graves, segundo o hospital. O motorista fugiu do local sem prestar socorro. Inconformados, os ciclistas chegaram a fechar a avenida.
Mais de 100 ciclistas participavam do evento promovido pelo movimento Massa Crítica quando o carro de Neis avançou sobre eles. Para o grupo, que publicou em seu blog vídeos com depoimento dos ciclistas e imagens das bicicletas destruídas, o atropelamento foi considerado um crime e não um acidente. As imagens chocaram o país.
Na noite desta terça-feira, milhares de ciclistas fizeram um protesto pelas ruas do bairro onde ocorreu o atropelamento para pedir mais atenção aos transportes alternativos na Capital do Rio Grande do Sul. Segundo os cálculos da Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha), 1,5 mil pessoas participaram da marcha. A organização do evento, entretanto, contou mais de duas mil adesões.
Ao final do trajeto, representantes do grupo foram recebidos pelo secretário municipal de Coordenação Política e Governança Local, Cezar Busatto. Depois da audiência, Busatto confirmou que algumas das sugestões dos ciclistas podem ser acatadas em breve pela prefeitura.
Em São Paulo, um grupo de ciclistas fez novo protesto nesta terça-feira. Na noite de segunda-feira, houve uma manifestação na Avenida Paulista, e os ciclistas deitaram-se na via para pedir paz no trânsito e tolerância
Bom Dia Brasil, CBN, Naira Hofmeister, especial para O Globo
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