O Fantástico faz uma denúncia! Já se foi o tempo em que presos, usando celular na cadeia, era um escândalo.
Agora, graças a celulares de última geração, eles acessam a internet, entram em sites de relacionamento, aliciam jovens e comandam crimes!
O Fantástico faz uma denúncia. De dentro das cadeias, presos usam a internet livremente. No Rio Grande do Sul, bandidos compram celulares de última geração. Acessam redes sociais e páginas de relacionamentos para continuar no crime. E um alerta: até adolescentes são recrutadas pela internet para ajudar os criminosos.
"Por você eu buscaria as estrelas", assim Jefinho se apresenta em um site de relacionamentos |
Jefinho é Jeferson Junior Iegli Rodrigues, de 21 anos. Um criminoso condenado pela justiça por assalto a mão armada. Desde janeiro, está na Penitenciária Estadual do Jacuí, no Rio Grande do Sul. É de lá que ele acessa a internet.
Com celulares de última geração como ao que podem ser vistos nas mãos dos detentos do sistema prisional gaúcho, enviam e-mails, entram em sites e em redes sociais. De dentro das celas, usam o equipamento para encomendar crimes, garotas de programa, e até para consultar advogados e processos no site do tribunal de justiça.
Celulares modernos. Mulheres de presos levam e segundo eles, até a própria polícia vende dentro dos presídios. A denúncia é de uma advogada que tem entre os clientes dezenas de criminosos. Ela conta que os presos usam a internet para tentar escapar dos grampos telefônicos feitos pela polícia. O uso desses celulares foi confirmado pelos próprios presos para o juiz da Vara de Execuções Criminais.
Se existe apreensão de armas industriais como pistolas e revólveres, obviamente não se pode ignorar a possibilidade real e concreta de que celulares mais sofisticados também estejam sendo utilizados.
A reportagem do Fantástico conseguiu o número do celular de Jefinho dentro da prisão. O repórter Fábio Almeida trocou mensagens com o assaltante depois de receber uma denúncia anônima de que o preso tinha livre acesso às redes sociais. Jefinho contou como funciona o celular. Falou que o celular acessa a internet, “aparece tudo normal. Aparece foto, aparece recado, aparece tudo”. O detento confirmou também que a compra do celular, é feita na própria galeria onde está preso. O preso diz a localização da sua galeria. “E na quinta B. Para ter uma idéia, o meu telefone aqui dentro eu paguei R$ 600”.
A advogada que diz que o valor do celular pode chegar a R$ 5 mil. “A maioria deles é pra cometer crimes mesmo; ameaça, extorsão, comandar pessoas na rua, esse é o problema maior”.
Foi o que aconteceu com uma adolescente, que começou a namorar um homem, que estava preso, através de uma página de relacionamentos na internet. “A gente ia começar uma nova vida. Ele ia me dar de tudo”, conta a menina.
Primeiro, veio o convite para adicionar como amigo o rapaz que ela não conhecia. Os recados viraram promessas de amor, e junto com elas, muitos pedidos.
“Eu era a pessoa que ele tinha aqui na rua, que eu faria qualquer coisa por ele”, lembra a menina. “Remédio, cartão de telefone, buscava dinheiro para ele, a tudo eu me sujeitei”. A polícia confirma que garotas são convencidas a cometer crimes pelos namorados presos.
“E onde está teu namorado? Meu namorado está preso na Penitenciária Estadual do Jacuí”, conta. Segundo ela, os dois se conheceram através da internet. “Conheci pelo MSN, daí eu me envolvi no crime e comecei a levar drogas para dentro da cadeia e acabei presa”, lembra a garota.
Esse delegado, especialista em crimes virtuais, afirma que o monitoramento de cada celular nas mãos dos presos é possível, mas só pode ser feito com autorização judicial. A solução seria o bloqueio do sinal dentro das cadeias.
Existem hoje bloqueadores de sinal e que permitem fazer o bloqueio de qualquer sinal de comunicação, seja de dados ou voz. Este procedimento de bloqueio seria muito mais eficaz do que o processo de interceptação que seria individual em relação a cada aparelho interceptado
A superintendência de serviços penitenciários informa que testes com bloqueadores nos presídios gaúchos não deram certo. O equipamento afeta também os celulares dos moradores vizinhos às penitenciárias. E reconhece ainda que é muito difícil controlar a entrada dos celulares nas prisões
Nós não teríamos como negar que ocorrem esses fatos, temos trabalhado, lutado sempre para evitar a entrada de material proibido nos presídios. Sejam celulares, drogas ou outros materiais quaisquer. Mas é em grande parte a superlotação dos presídios que dificulta demasiadamente esse trabalho. Porque a consequencia desta superlotação, a quantidade de visitantes também é muito grande.
A secretaria de segurança gaúcha desconhece a denúncia de que policiais estejam vendendo celulares para presos, e diz que o caso só será investigado se houver uma denúncia formal. A adolescente que manteve o relacionamento com o detento por mais de dois anos agora está com medo. Ela e a família foram viver em outro estado, para não correr o risco de serem encontrados pela quadrilha do ex-namorado. “Infelizmente eu caí no golpe do site de relacionamento, e me prejudiquei bastante”.
Fonte: Fantástico
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