Esses remédios são os protagonistas do que ficou conhecido como "a Revolução Sexual do Homem". Tudo começou em meados de 1998, quando o Viagra - primeiro medicamento e até hoje o mais vendido - chegou ao mercado brasileiro. Doze anos depois, apenas nos sete primeiros meses de 2010, foram comercializados 4.791.044 pílulas - inclui-se aí, também, o Levitra, Cialis e outros medicamentos. Em todo o ano de 2009 foram 7.259.096.
O arrasta pé dos bailes da terceira idade é uma das maiores provas da "eficiência" desses produtos. "Nunca eles foram tão frequentados. Nos últimos 10 anos, por exemplo, o números de associados aqui triplicou. Hoje são 1,8 mil", comemora o secretário-geral da Associação Capixaba de Idosos, Danilo Ferreira Leite, 64.
O cenário ali, pelo menos no jogo da conquista, se assemelha ao de uma festa frequentada pela juventude. "A gente convida para dançar, conhece novas pessoas. Já consegui várias namoradas", garante o conquistador viúvo e aposentado Francisco Pereira, 64.
Importância incontestável
Partidário da tese da "revolução da pílula azul", o andrologista e sexólogo Eduardo Marsíglia considera que esses medicamentos, além de serem responsáveis por uma melhor performance sexual, causaram o fim de uma excessiva preocupação dos idosos com o órgão genital.
"Quando o homem perde a ereção ele também perde sua autoestima. Esses medicamentos trouxeram ganhos que foram muito além do sexo, e chegaram até o comportamento. Por consequência, até para as mulheres eles representaram uma mudança", avalia.
A melhora na qualidade de vida do casal também é apontada pela sexóloga e ginecologista Denise Galveas como sendo a grande vitória dos medicamentos. "Os relacionamentos na terceira idade mudaram".
Difícil é assumir
Apesar da lista imensa de benefícios, quando o assunto é tornar o uso público, muitos dos idosos ainda falham.
"Essa resistência está ligada ao pensamento de que a ereção está totalmente relacionada à virilidade do homem. Muitos confundem a ereção peniana com sua própria identidade masculina", ressalta a sexóloga Denise.
Recorde no ano
1.501.828 pílulas
Esse foi o número de pílulas que combatem a disfunção erétil vendidas só em julho de 2010. Houve um aumento de 56% em relação a junho, segundo mês no ranking.
A solução veio após apostar em ervas e gemada
Ele tentou gemada, ovo de codorna, amendoim, ervas e vitaminas, mas nada teve o mesmo efeito que o remédio, quando há quatro anos o militar da reserva Roosevelt Martins Oliveira, hoje com 69, começou a procurar alguma forma de melhorar seu desempenho sexual.
Mesmo após ter colocado duas pontes de safena e uma mamaria, e ainda sendo usuário de medicamentos que controlam sua pressão, ele garante que isso não o impediu de usar o medicamento. "Fui ao médico quando meu desempenho começou a ficar ruim. Hoje tomo meio comprimido de Viagra ou Cialis e o efeito chega a durar quatro dias", gaba-se.
Beneficiada com a mudança, a mulher de Roosevelt é uma das maiores incentivadoras: "Ela dá todo o apoio!", diz. Apesar de contar com a ajudinha do remédio, o aposentado garante que ele não é a única solução para esse tipo de problema. Para Roosevelt, uma mulher bonita ao lado é fundamental.
Cresce índice de Aids na terceira idade
Embalados pelo aumento do uso de medicamentos contra disfunção erétil, também sobem os números de pessoas acima de 60 anos que já foram infectadas pelo vírus da Aids. Se em 2006, no Estado, esse total chegava a 9, em 2009, as novas notificações dobraram, alcançando 18. Os números são da Secretaria de Saúde (Sesa). No Brasil, dos 500 mil casos já notificados, mais de 15 mil atingem idosos, segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Um número alarmante se comparado com o ano de 1991, quando havia apenas 950 ocorrências na terceira idade. Para o andrologista Eduardo Marsíglia, o comportamento sexual das pessoas idosas melhorou com medicamentos contra disfunção erétil. Outro fator que contribuiu para isso foi a dificuldade que esse público tem para se adequar ao uso da camisinha, "inclusive alegando que isso reduz a sensibilidade", diz.
Para as mulheres, solução ainda está distante
Enquanto os homens comemoram os avanços no tratamento de problemas de ereção, as mulheres estão longe de ter o mesmo retorno da indústria farmacêutica. No início de outubro, foram suspensos os estudos sobre a pílula "flibanserin" - conhecida como pílula rosa, ou Viagra feminino -, que tinha o objetivo de estimular o desejo sexual das mulheres.
O medicamento foi considerado causador de efeitos adversos, como depressão, tontura e desmaios. A resposta negativa não é uma novidade para o público feminino. Desde o lançamento do Viagra, mais de duas dezenas de terapias experimentais foram testadas. Nenhuma evoluiu.
Dificuldade
Conforme salienta a sexóloga Denise Galveas, tanto o desejo quanto o orgasmo feminino na terceira idade são bem mais difíceis. Isso está relacionado à redução dos hormônios masculino e feminino.
A falta da testosterona - hormônio masculino - diminui o desejo sexual e a sensibilidade do clitóris, fazendo com o alcance do orgasmo seja algo mais trabalhoso e demorado. Já a ausência do estrogênio - hormônio feminino - também faz com que a vagina perca elasticidade. Para ela, na falta de medicamentos, o melhor caminho é a reposição hormonal.
Ele toma 8 por mês, só com a namorada
Pelo menos quatro vezes por semana, a cena se repete na rotina do vigilante aposentado Bernardo Melki. São as idas ao forró da Associação Capixaba dos Idosos, na Ilha de Santa Maria, em Vitória. Lá sempre foi o local perfeito para paquerar e encontrar amigos, para Melki. "A mulherada aqui é que me derruba. Até disputado eu sou aqui...", orgulha-se, do alto de seus 76 anos, acrescentando ter um desempenho sexual "excelente".
A responsável por tanta satisfação, em parte, é a "azulzinha", como ele faz questão de falar. O remédio se tornou um aliado de Bernardo há pelo menos três anos. "Fiz tudo certo. Quando comecei a ter problema (com a atividade sexual), fui ao médico, fiz todos os exames e passei a usar o remédio", diz o aposentado, que confessa recorrer à pílula duas vezes por semana. "Mas há dias que eu sinto que não preciso", revela Bernardo, que diz só usar a pílula com a namorada.
Gostaria muito do contato da Dra. Denise Galveas. Já tentei pela internet mas não encontro. Obrigada
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