domingo, 25 de setembro de 2011

‘Crime do ketchup’. Mulher que fingiu ter sido morta conta como foi

Mulher que fingiu ter sido morta conta como foi o ‘crime do ketchup’
Virlan é o alvo de uma disputa amorosa. De um lado, está a mulher Lupita. Do outro, a amante Maria Nilza, a Galega, que é apontada como responsável por ter mandado matar a rival.


Uma história digna de novela. Era para ser um assassinato a sangue frio, mas se transformou em um "pastelão" com ketchup.

O trabalhador rural Virlan Anastácio não imaginava que, de uma hora para outra, fosse virar personagem da história mais comentada na cidade. “Quando passo nas ruas, as pessoas falam: ‘Olha o garanhão, olha o vilão’. Aí eu digo: será que eu sou esse bicho todo? Não sou garanhão. Eu sou fraco ao lado de mulher”, admite.

O trabalhador rural Virlan Anastácio é o alvo de uma disputa amorosa. De um lado, está a mulher Iranildes Araújo, conhecida Lupita. Do outro, está a amante, Maria Nilza, conhecida como Galega. No inquérito policial, Galega é apontada como a mandante do crime. Teria contratado Carlos Roberto de Jesus, um velho conhecido da polícia, para matar sua rival Lupita. Teria pago R$ 1 mil pelo serviço.




De acordo com as investigações da polícia, Carlos Roberto só receberia o dinheiro depois que apresentasse as provas do assassinato, mas, quando ele se viu diante da vítima, descobriu que era amigo de infância dela. Desistiu de executar o crime, mas montou um plano para não deixar de receber os R$ 1 mil.

Para que tudo desse certo, Lupita precisava concordar, mesmo sabendo que se tratava de uma trama planejada por um bandido. “Ele disse que não tinha coragem de me matar. Aí ele me fez a proposta: ‘Eu divido o dinheiro com você’”, contou a dona de casa Iranildes Araújo.

Mesmo desconfiada, ela resolveu aceitar. O bandido foi logo tratando de botar o plano em prática, em plena luz do dia, perto do quintal da casa. Lupita deita no chão. Depois, veio a parte mais difícil do combinado. “Ele me melou toda de ketchup e botou a faca embaixo do braço”, lembra a dona de casa.

Tudo foi pensado para que parecesse perfeito. Depois da armação, Carlos Roberto tirou uma foto com o celular e mostrou para Nilza como prova do crime. “Eu tomei um susto muito grande, porque ele me mostrou ela morta, dizendo que tinha matado, queria os R$ 1 mil para cair fora e que iria me acusar se eu não desse os R$ 1 mil”, lembra a Galega.

Ele recebeu o dinheiro, mas não dividiu como prometeu. “Ele disse: ‘Lupita, aqui está o dinheiro. Ela só me deu R$ 500. Eu vou te dar R$ 240. O resto eu vou pagar as minhas contas e você fique dentro de casa”, relatou Irenildes Araújo, que ficou três dias sem sair de casa para não levantar suspeita.

Uma semana depois, certa de que Virlan estava viúvo, Nilza foi a uma festa pensando em se encontrar com o rapaz. Ele estava na festa, mas aos beijos com a mulher Lupita, dançando forró. O susto foi grande, diz Lupita.

“Quando eu senti que ela ficou assustada, eu cheguei perto dela e disse: ‘Vim te buscar’. Aí, ela disse: ‘eu fui roubada’”, comentou Lupita. “Eu perdi a noção quando eu me deparei com ela. Eu fui até a delegacia e disse: ‘vou prestar queixa’”, comentou Maria Nilza.

Nilza nega que tenha encomendado a morte da rival, mas confirma que deu o dinheiro ao bandido. Na delegacia, ela disse que foi roubada, mas o delegado Marconi Almino Lima logo descobriu a verdade. “Quando eu vi esse fato, eu achei mais uma história tragicômica. Uma coisa dessa só ocorre aqui mesmo na Bahia”, disse o delegado.

Essa história ganhou repercussão internacional, foi manchete na imprensa fora do país e virou o assunto principal de todas as conversas em Pindobaçu, na Chapada Diamantina, na Bahia. “O mal feito uma hora é descoberto”, diz um homem. “Acabou trazendo para nossa cidade a televisão que nunca tinha vindo aqui”, comentou uma jovem.

Para os conterrâneos, Lupita acabou ganhando um novo apelido: a Mulher Ketchup.

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