SÃO PAULO - Um adolescente de apenas 13 anos passou mal após beber uma mistura de vodca com refrigerante de laranja dentro de uma escola estadual em Bauru, 323 Km de SP, na manhã desta sexta-feira. As informações são TV Tem
Segundo a Polícia Militar, a bebida estava dentro de uma garrafa pet de dois litros e foi ingerida durante a aula. Não se sabe se a bebida foi levada para a escola por ele ou por algum colega. O menino desmaiou e teve que ser socorrido pelo Samu (Serviço Móvel de Urgência e Emergência), que encaminhou o menor ao Pronto-Atendimento Infantil do Pronto-Socorro Central da cidade. Ele foi medicado e liberado para os pais após algumas horas.
Um adolescente de apenas 13 anos passou mal na manhã de ontem após consumir bebida alcoólica dentro de uma escola, em Bauru. O caso expôs, mais uma vez, o problema crítico da embriaguez na adolescência, que já havia sido denunciado pelo JC apenas três meses atrás. Na ocasião, uma garota de 14 anos foi encontrada inconsciente na rua depois de ingerir pinga nos arredores do colégio onde estudava.
Ontem, o adolescente teria feito uso de uma bebida conhecida como hi-fi - mistura de vodca com refrigerante à base de laranja - dentro da sala de aula, em uma escola estadual do Jardim Petrópolis. Segundo o irmão do adolescente, os colegas de classe contaram que a bebida estava em uma garrafa pet de dois litros e que o garoto teria desmaiado antes de ser socorrido. Não se sabe se ele trouxe a substância de casa ou a obteve com outros alunos.
Ao perceber que o estudante estava passando mal, a direção do colégio acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a mãe do aluno. Ele foi encaminhado ao Pronto Atendimento Infantil (PAI), onde foi medicado, e permaneceu em observação até recuperar-se completamente.
Demonstrando surpresa, o irmão do menino informou que ele não possuía o hábito de beber. Da mesma forma, os pais da garota de 14 anos que desmaiou em junho deste ano argumentaram que ela não costumava ingerir álcool. Mas especialistas que lidam diariamente com o assunto são unânimes em afirmar que a ingestão de bebidas destiladas e fermentadas nesta faixa etária tem crescido a cada ano em Bauru, acompanhando um fenômeno verificado também em âmbito nacional.
As propagandas incisivas, a facilidade de acesso à substância, o aumento da competitividade e o distanciamento das relações familiares são apontados como principais motivos para o descontrole. Em situações não raras, até mesmo crianças de 8 anos vêm sendo submetidas a tratamento na rede municipal de saúde por conta do uso da substância.
Inexperiência
Pode até ser que, em ambos os casos, não tenha sido a falta de cuidado dos pais o fator determinante para a embriaguez dos adolescentes. Ainda inexperientes, eles podem ter se rendido à curiosidade típica desta fase da vida ou se sentido pressionados pelo grupo a experimentar a substância.
“O problema é que, por esta inexperiência, o jovem não tem habilidade para dosar a bebida. E, quanto mais novo, mais rapidamente atinge um nível elevado de embriaguez, podendo até perder os sentidos”, observa o psiquiatra Sérgio Sato, especialista em dependência química. De acordo com ele, adolescentes atendidos em seu consultório relatam que 80% dos colegas consumem álcool com frequência em baladas e confraternizações de grupo.
E, de maneira geral, os jovens que ingerem álcool não costumam ser comedidos, conforme destaca a Psicóloga Sandra Leal Calais, professora doutora em terapia comportamental da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “O número de pessoas bebendo é cada vez maior e muitos bebem em grande quantidade. O grande problema é que, além do risco da dependência, o álcool é apenas a porta de entrada para todas as outras drogas”, salienta.
Segundo Sandra e Sato, é evidente o aumento dos casos de alcoolismo na adolescência em todas as classes sociais, que fazem vítimas não apenas jovens estudantes de escolas públicas, mas também particulares. E o mais alarmante é que eles estão começando a beber cada vez mais cedo. Há casos, atendidos no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), de dependentes que começaram a beber aos 8 anos de idade.
“Da mesma maneira que a adolescência vem sendo antecipada, o comportamento adolescente ocorre cada vez mais cedo. E o uso do álcool, para eles, funciona como um rito de passagem, uma iniciação à vida adulta. É uma tentativa de provar que são donos do próprio nariz e que sabem o que estão fazendo”, salienta a psicóloga.
Para especialistas, tolerância social à bebida é um erro que deve ser evitado pelos pais
Por ser uma droga lícita, o álcool é uma substância bastante tolerada socialmente, que está presente em todas as confraternizações e sempre associado aos momentos de prazer. Neste contexto, os adolescentes, com personalidade ainda em formação, se transformam em presas fáceis.
Para a psicóloga Sandra Leal Calais, professora doutora em terapia comportamental da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o entendimento de que a embriaguez faz parte do processo de descoberta adolescente é um erro que precisa ser corrigido. “A bebida é vista como diversão. O jovem bebe e passa mal, mas dificilmente consegue refletir sobre o ocorrido. Repete esta experiência várias vezes e nenhuma mudança acontece, porque ele ou até mesmo os pais aceitam esta atitude com naturalidade”, reclama.
As propagandas que associam a bebida com prazer, integração social e conquistas amorosas também ajudam a corroborar esta ideia, já que não esclarecem as graves consequências do uso abusivo da substância. Outra lacuna é provocada pelas políticas de prevenção e combate às drogas.
Quando direcionadas aos adolescentes, o alerta para o risco de dependência está sempre voltado às outras substâncias entorpecentes que não o álcool, que geralmente funciona como porta de entrada para os demais vícios. Para psiquiatra Sérgio Sato, o assunto, inclusive, deveria ser tratado dentro das salas de aula. “Embora já existam alguns especialistas preocupados com este fenômeno, não há, infelizmente, nenhum movimento que esteja conseguindo frear o uso abusivo de bebidas entre os jovens de maneira efetiva”, lamenta.
Além dos prejuízos de longo prazo que podem representar a destruição de toda uma vida, o álcool na adolescência provoca distúrbios no sono, alteração na rotina alimentar, prejuízos no processo cognitivo com consequente redução do rendimento escolar, além de conflitos nas relações familiares.
jcnet.com.br
Tisa Moraes/
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