sábado, 26 de fevereiro de 2011

Rapaz confessa assassinato de padre capixaba Romeu Drago

Mardem Santos Matarazzo, 22, alegou ter sido assediado pelo sacerdote capixaba Romeu Drago, 56


Um rapaz de 22 anos foi preso e confessou ter assassinado o padre capixaba Romeu Drago, 56 anos, em Minas Gerais. Mardem Santos Matarazzo disse à polícia que fazia serviços de office-boy para o sacerdote, a quem conhecia havia anos, e que cometeu o crime porque o religioso o teria assediado sexualmente. A família de Drago não acredita nessa versão.

Mardem  foi preso ontem na cidade de
Montes Claros, onde crime foi praticado
foto: Luiz Ribeiro/EM/D. A
A prisão foi feita ontem, em Montes Claros, cidade onde o padre atuava havia anos e foi rendido, no último sábado, dia 19. Mardem disse que foi até a casa do padre Romeu para cobrar uma dívida de R$ 350,00 que o religioso tinha com ele, por serviços prestados.

O acusado afirmou que, uma vez na residência, teria sofrido assédio por parte da vítima. Ele não gostou da situação e atingiu o religioso na cabeça com uma bola de vidro - objeto de decoração. Segundo Mardem, o sacerdote bateu a cabeça na cama e no chão, caindo já sem vida.

O rapaz disse à polícia que tentou socorrer Drago, mas ele não respirava mais. O acusado arrastou o corpo até o carro que a vítima utilizava - um Voyage ano 2010 - colocou-o no porta-malas e, em seguida, jogou-o na estrada. Lá, colocou roupas em cima do corpo e o queimou. O veículo foi encontrado na noite de quinta-feira, na periferia de Montes Claros. O delegado da cidade, Giovani Siervi Andrade, afirmou que a versão do acusado tem fundamento, mas serão checadas outras informações.

Segundo Andrade, a hipótese de crime de mando, apontada pela família do religioso, nunca foi investigada pela polícia. Ele revelou ainda que o latrocínio - roubo com morte - não está descartado. "Já foram ouvidas mais de 20 testemunhas, e outras pessoas devem ser ouvidas. A investigação ainda não está encerrada", frisou.

Ainda de acordo com a assessoria, o rapaz - que tem problemas de audição, ouve e fala com dificuldade - disse estar arrependido do crime. Ele está preso na delegacia da cidade. (Com informações de Viviane Carneiro e agências)

Família não acredita na versão do detido

Sobrinho e afilhado do padre Romeu Drago, Wellington Feroni disse que a família não acredita na versão apresentada pelo acusado Mardem Matarazzo. "Esse homem está mentindo, usando o argumento que é mais fácil. A versão dele não convenceu a família. Tem algo a mais nesse caso. Acho que isso é para mudar o foco do que aconteceu realmente", ressaltou.

Desde que o corpo do religioso foi encontrado, familiares afirmaram que o padre já teria dito que estava ameaçado de morte por defender pequenos produtores rurais em Montes Claros.

Segundo o sobrinho, a polícia mineira disse que o acusado não roubou nada. "Então, chegamos a conclusão que ele foi lá para matar mesmo. Falar que sofria assédio de alguém que não pode se defender é muito confortável. Mas não dá pra entender por que praticou um crime tão bruto. Para que queimar o corpo?", frisou.

O presidente do Tribunal Eclesiástico de Montes Claros, padre Joaquim Ferreira, informou que nunca foi registrada uma denúncia por assédio sexual contra o religioso.

Crime.
O padre Romeu Drago, 56 anos, foi visto com vida pela última vez no dia 19. Atendeu a um chamado no portão de casa, no bairro Monte Carmelo, em Montes Claros (MG). Meia hora depois, o carro usado por ele - um Voyage ano 2010 - deixou o local

Desaparecimento.
Vizinhos ficaram preocupados por não ver o sacerdote, e um deles - que tinha a chave da casa porque alimentava os cães no local - entrou e viu manchas de sangue. A polícia foi acionada

Corpo.
O corpo foi localizado, carbonizado, às margens da rodovia MG 122, na terça-feira, a cerca de 30km de Montes Claros

Despedida.
O velório e o sepultamento foram realizados em Marilândia, terra natal do religioso,
na última quinta-feira


A Gazeta

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