domingo, 11 de julho de 2010

Fotos de Mércia morta continuam sendo exibidas em site

Imagens verdadeiras do corpo da advogada ainda não foram retiradas.
Família da vítima pede exclusão do conteúdo por considerá-lo ofensivo.

Um dos diversos sites que divulgaram fotos verdadeiras de Mércia Nakashima morta continuava no ar nesta quarta-feira (7), exibindo imagens do corpo da advogada, cinco dias após a família da vítima pedir a retirada do conteúdo aos proprietários das páginas por considerá-lo ofensivo.

A pedido do advogado Alexandre de Sá Domingues, que defende os interesses dos parentes de Mércia na investigação que busca os responsáveis pelo assassinato da mulher, o G1 não irá informar o nome do site. Nele, estão oito fotos de Mércia tiradas quando ela foi achada morta em 11 de junho nas margens da represa de Nazaré Paulista, no interior do estado.

As fotografias mostram a advogada sem cabelos, com o corpo inchado, vestida com blusa roxa, calça jeans e tênis – mesma roupa que usava quando desapareceu da casa dos avós em Guarulhos, no dia 23 de maio. Há também imagens da mulher em cima de uma mesa utilizada para realização de exames de necropsia.

Na segunda-feira (5), a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a Corregedoria da Polícia Civil vai apurar o suposto vazamento das fotos de Mércia.

Em nota, o Instituto Médico-Legal (IML) negou que tenha divulgado o conteúdo. Além do IML, peritos do Instituto de Criminalística (IC) e policiais civis também investigam o assassinato e tiveram contato com o material.


Parente observa Mércia morta (Paulo Piza/G1)

“Esclarecemos que as fotos divulgadas na internet não são oficiais do Instituto Médico-Legal. O caso será encaminhado para a Corregedoria Geral da Polícia Civil”, informava a nota assinada pela diretoria do IML.
Policiais Militares, bombeiros, jornalistas e curiosos também haviam ido ao local onde o corpo da advogada foi encontrado. Até agora, ninguém se responsabilizou pela distribuição das imagens.

As fotografias de Mércia que estão circulando na internet são as mesmas que fazem parte do trabalho dos peritos do IC e dos médicos legistas do IML para a elaboração de seus laudos técnicos. Ambos os institutos são ligados à Polícia Técnico-Científica. Nas imagens, é possível ver o maxilar da vítima deslocado e uma marca de tiro no canto direito do queixo.

Principal suspeito
“São mesmo as fotos de Mércia. A família ficou bem chateada com a divulgação ilegal. Solicitamos e foram retiradas fotos verdadeiras de alguns sites. Pelo menos sete sites já divulgaram”, afirmou Sá Domingues, na segunda-feira à reportagem. Na sexta-feira (2), a reportagem mostrava que fotos falsas de Mércia também eram distribuídas na internet.

A Polícia Civil aguarda os resultados dos exames que irão apontar a causa da morte da advogada e do que foi encontrado dentro do carro dela. O veículo havia sido localizado submerso em 10 de junho, na mesma represa onde o corpo da mulher foi achado.

Preliminarmente, a perícia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) trabalha com a hipótese de Mércia ter sido agredida dentro do seu carro quando estava na posição do motorista. Quem a machucou estaria no banco do carona. Em seguida, o agressor atirou nela e a advogada desmaiou. Depois, o criminoso teria empurrado o automóvel da vítima dentro da represa. Como ela não sabia nadar, o mais provável é que tenha morrida afogada.

O principal suspeito pelo crime é o ex-namorado de Mércia, o advogado e policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza. Ele nega o crime.

Um pescador afirmou à polícia ter visto o automóvel entrar na água no dia 23. A testemunha também contou ter visto um homem não identificado sair do veículo e ter escutado gritos de mulher.

Outros suspeitos
Além do ex-namorado da vítima, mais duas pessoas são apontadas como suspeitas de envolvimento na morte da advogada: um dos irmãos de Mizael e o vigilante Evandro Bezerra Silva, de 38 anos, que teve a prisão decretada pela Justiça por faltar a um depoimento. Foragido, este último é procurado pela polícia.
Segundo a investigação, o rastreador do carro de Mizael mostrou que ele estava perto dos locais onde Mércia foi vista pela última vez (na casa dos avós em Guarulhos) em 23 de maio e dias antes passou pelo local onde a advogada foi encontrada morta (represa em Nazaré Paulista).

Kleber Tomaz
Do G1 SP

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